A Cordilheira do Espinhaço, única do Brasil, é um divisor natural entre a Mata Atlântica e o Cerrado e detém 15% da biodiversidade nacional, com 23% das espécies de fauna e flora exclusivas dessa área. Com uma extensão de 1,2 mil quilômetros, a cadeia de montanhas, reconhecida como Reserva da Biosfera pela Unesco, passa por uma fase de desenvolvimento turístico integrado.
O Programa de Desenvolvimento Turístico Integrado Sustentável da Cordilheira do Espinhaço foi estabelecido em maio de 2021, com a união de cinco municípios do Norte de Minas Gerais — Grão Mogol, Botumirim, Cristália, Itacambira e Turmalina —, junto às Instâncias de Governança Regional (IGRs) Lago de Irapé e Sertão Gerais.
A iniciativa, apoiada pelo Governo de Minas e outras instituições como o Sebrae e a Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), visa melhorar a infraestrutura e a qualificação turística na região, abrangendo 172 municípios e mais de cem unidades de conservação nacionais e estaduais.
Turismo impulsiona economia e cria empregos
Segundo o secretário de Turismo de Grão Mogol, Ítalo Oliveira Mendes, o programa contribuiu para a expansão do turismo e da economia local. Em Grão Mogol, a participação do turismo no PIB aumentou de 3% para 5%, e o setor hoteleiro tem registrado ocupação total em fins de semana de atividades como o enoturismo. O secretário também destacou o crescimento de 50% no emprego formal no setor entre 2021 e o final de 2023.
A gestora da IGR Lago de Irapé e presidente da Associação da Cordilheira do Espinhaço, Poliana das Dores Soares Caldeira, relatou um aumento no interesse dos moradores por cursos de qualificação voltados ao turismo. Com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG) e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), a região oferece capacitações nas áreas de atendimento ao cliente e serviços de alimentação.
Atrações culturais e naturais
Além da riqueza natural, o Espinhaço é um ponto de convergência cultural. O secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas de Oliveira, destaca a relevância da cordilheira na formação cultural e histórica de Minas Gerais, abrigando elementos arqueológicos e pré-colombianos.
A região inclui manifestações culturais como o artesanato em barro do Vale do Jequitinhonha e o Sistema Agrícola Tradicional de Apanhadoras e Apanhadores de Flores Sempre-Vivas, reconhecidos como patrimônios imateriais.
Entre as atrações da biodiversidade da cordilheira está Botumirim, habitat da rolinha-do-planalto, uma das aves mais raras do mundo, que atrai visitantes e observadores de aves de várias partes do mundo.
Qualificação e expansão de capacitações para 2025
Em resposta ao aumento do turismo, novas ações de qualificação estão programadas para 2025, com cursos previstos para cidades como Salinas, Diamantina, Turmalina, Paracatu, Itambacuri, Janaúba, Montes Claros e Teófilo Otoni. A iniciativa tem como objetivo fortalecer a mão de obra local e promover o desenvolvimento sustentável nas comunidades inseridas no contexto do turismo do Espinhaço.