“Recebi só R$21”: estudantes da Unifei Itabira enfrentam cortes no meio-passe e atraso na recarga do cartão
Muitos alunos estão em situação de vulnerabilidade financeira e dependem do auxílio para continuar os estudos
As aulas da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) – Campus Itabira, retornaram no dia 10 de março. Desde então, os discentes vêm enfrentando dificuldades relacionadas à recarga do meio-passe estudantil. Apesar da abertura para cadastro e renovação ter ocorrido no início do ano, muitos ainda não tiveram o benefício creditado corretamente. Segundo relatos de estudantes, o prazo informado para a recarga era até a última sexta-feira (21). No entanto, vários alunos têm problemas, como não receber o valor devido ou receber quantias inconsistentes, incompatíveis com a quantidade de dias letivos. Alguns informaram ter recebido apenas R$21,00 ou R$60,00 de crédito, enquanto outros sequer tiveram a recarga efetuada.
A situação está gerando revolta entre os alunos, principalmente após a Secretaria de Educação anunciar que a quantidade de passagens fornecidas seria reduzida. Desde a criação do benefício em 2014, os discentes da Unifei recebiam dois bilhetes por dia, com base na justificativa de que o meio-passe deveria cobrir 50% do trajeto residência–escola–residência.
Como a universidade funciona em período integral e não conta com um restaurante universitário popular, os estudantes necessitam de quatro bilhetes diários para almoçar em casa e retornar ao campus. Entretanto, a Secretaria informou que passaria a creditar apenas uma passagem por dia, seguindo estritamente o que diz a Lei 4665/2014.
Impacto na rotina dos estudantes
Muitos alunos estão em situação de vulnerabilidade financeira e dependem do auxílio para continuar os estudos. Relatos de estudantes apontam dificuldades para custear as passagens diárias, resultando em faltas e até reprovações.
Segundo Diego Barboza, aluno do curso de Engenharia de Materiais, a situação é recorrente e o direito de frequentar a faculdade deve ser garantido. Ele declara: “Todo ano atrasa o meio-passe na hora de renovar. O valor creditado é menor, não cai, ou o cartão demora 30 ou 40 dias para ser recarregado. Nós temos direito de estudar. Os idosos já têm o passe-livre, então por que não podemos ter o mesmo benefício para ir à faculdade também?”
Além disso, problemas no transporte público têm agravado a situação. Ônibus superlotados, trajetos demorados e poucas opções de horários fazem com que os alunos cheguem atrasados às aulas. Para evitar atrasos, alguns precisam recorrer a rotas alternativas, o que aumenta ainda mais o custo do deslocamento.
Mobilização estudantil e reivindicações
Diante da incerteza sobre a continuidade do benefício e da redução do número de passagens, os alunos iniciaram uma mobilização para cobrar respostas da Prefeitura e da Secretaria de Educação. Um grupo foi criado no WhatsApp e já conta com mais de 100 alunos para discutir as próximas ações, incluindo a organização de um protesto pacífico. Além disso, um formulário foi disponibilizado para coletar depoimentos de estudantes afetados, registrando mais de 300 respostas em um único dia.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Unifei também encaminhou um ofício à administração da instituição solicitando esclarecimentos sobre os atrasos e a diminuição do benefício. No documento, eles enfatizam a necessidade de ampliação do meio-passe, considerando a realidade acadêmica de uma universidade de período integral.
O que diz a Secretaria de Educação
Em uma publicação veiculada no Instagram, a Prefeitura de Itabira e a Secretaria de Educação informaram que o prazo para solicitação e renovação do meio-passe vai até o dia 31 de março e que as solicitações são analisadas em até 20 dias úteis.
A reportagem da DeFato Online entrou em contato com a Secretaria de Educação para esclarecer os questionamentos. O órgão informou que as recargas são feitas mensalmente, com valores ajustados de acordo com a quantidade de dias letivos. No entanto, ao ser questionada sobre a redução das passagens, a secretaria apenas afirmou que seguirá as determinações do decreto.
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Alternativas e o debate sobre tarifa zero
Com o agravamento da crise do meio-passe, estudantes passaram a questionar a viabilidade de um sistema de transporte público gratuito para estudantes em Itabira. Atualmente, diversas cidades brasileiras já adotaram políticas de tarifa zero para alunos, garantindo o acesso à educação sem custos de transporte. Capitais como São Paulo, Belo Horizonte e Fortaleza possuem programas que concedem gratuidade no transporte público a estudantes de baixa renda.
Os alunos, juntamente com a representação estudantil, buscam diálogo com o poder público para que a situação seja resolvida. Até o momento, não há confirmação sobre a regularização das recargas nem sobre a possibilidade de revisar a decisão de reduzir o número de passagens diárias.
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