Ronaldo insiste em fiscalização própria como alternativa para fim da desconfiança sobre Cfem da Vale

A própria Agência Nacional de Mineração (ANM) já admitiu não ter capacidade para marcar de perto os valores declarados pelas mineradoras

Ronaldo insiste em fiscalização própria como alternativa para fim da desconfiança sobre Cfem da Vale
Foto: Wesley Rodrigues/Acom PMI
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A Compensação Financeira por Exploração de Recursos Minerais (Cfem) representou a maior receita de Itabira entre os meses de janeiro a agosto. No total de oito meses foram arrecadados R$ 84.558.811,00, o que corresponde a 42% a mais que no ano passado. Apesar da alta, os números foram alvos de questionamentos por parte da Prefeitura em alguns meses onde a arrecadação do imposto apresentou queda expressiva. Em entrevista à DeFato, o prefeito Ronaldo Lage Magalhães (PTB) voltou a defender que apenas com fiscalização própria será possível acabar com a desconfiança sobre a Cfem declarada pela Vale.

A fiscalização das declarações fiscais que baseiam os cálculos da Cfem é um dos principais problemas apontados por municípios mineradores do Brasil. Os documentos são produzidos pelas próprias empresas do setor e encaminhados diretamente à Agência Nacional de Mineração (ANM), órgão criado neste ano e que não dispõe de estrutura suficiente para averiguar toda a demanda. Nesse cenário, acabam sendo recorrentes as suspeitas de fraudes, como já partiu da Prefeitura de Itabira em relação à Vale no primeiro semestre.

“Tivemos um problema com Cfem, lá pra maio ou junho, mas isso ficou resolvido. Discutimos em umas duas ou três reuniões a questão dos cálculos da Cfem e entendemos que o que falta é uma fiscalização maior. O município não pode fiscalizar a Vale. Essa é uma autonomia da ANM, do Governo Federal. Então, estamos tentando através da Amig, criando um convênio com a ANM onde os municípios mineradores vão participar do acompanhamento dos cálculos da Cfem”, destacou Ronaldo Magalhães.

O prefeito de Itabira é vice-presidente da Amig e entende que essa proximidade permitirá um acompanhamento mais profundo e exato dos cálculos da Cfem da Vale. Em agosto, especialistas em tributação da mineradora estiveram reunidos com representantes das secretarias municipais de Fazenda e de Planejamento para discutir os cálculos dos royalties da mineração.

“Ficou claro que houve um período em que foi menor a venda do minério. A produção é uma coisa, mas quando se vende é que arrecada os impostos. Então, mostrou-se a realidade. Hoje, a Vale está repassando valores que consideramos normais. Mas, como não temos também condição de fiscalizar tecnicamente, estamos buscando uma fiscalização permanente para acompanhar melhor, com mais conhecimento a arrecadação de cada mês”, frisou Ronaldo Magalhães.

Fiscalização é falha

A ANM já admitiu, inclusive em entrevista à DeFato, não ter capacidade para fiscalizar de perto os valores declarados pelas mineradoras. Para a agência, o recolhimento dos royalties da mineração podem mais do que dobrar no país em um curto espaço de tempo se houver uma fiscalização mais intensa.

A Prefeitura de Itabira esperava, ainda no início do segundo semestre deste ano, já ter concluído os trâmites para promover a fiscalização dos números apresentados pela Vale. As conversar com a ANM, no entanto, emperraram. O próprio diretor da agência, Victor Bicca, estimava, em setembro, que até o início de novembro a questão já estaria resolvida. Passado o prazo, no entanto, isso não aconteceu.

Em outubro, a ANM firmou com a Receita Federal um termo de cessão do sistema ContÁgil para tentar fechar o cerco às suspeitas de sonegação na Cfem. A ferramenta permite a comparação das informações declaradas pelos mineradores no Relatório Anual de Lavra da agência e o que é passado à Receita Federal.