Sob pressão: instalação de hospital de campanha volta a ser discutida em Itabira
Marco Antônio Lage (PSB) afirma que a estrutura será montada caso o município não consiga contornar, em curto prazo, o colapso das internações
A piora nos números da pandemia em Itabira faz pressão para que o município volte a avaliar a instalação de um hospital de campanha. Há 18 dias, o governo municipal comunicou a ocupação de 100% das unidades de tratamento intensivo (UTI) para Covid-19 na cidade. De lá para cá, a taxa se manteve. Não bastasse a realidade local, Itabira é polo de saúde para 12 municípios de sua microrregião.
A discussão do hospital de campanha foi trazida à tona em 2020, com o desembarque do vírus sob a gestão do então prefeito Ronaldo Magalhães (PTB). O cenário pandêmico à época estava longe do atual e o governo optou pela ampliação das unidades hospitalares já existentes, em vez da estrutura de campanha.
Ronaldo havia considerado que um hospital de campanha teria custo mensal de R$ 4 milhões e a estrutura seria temporária – portanto inviável ao momento, quando a Prefeitura conseguiu ampliar os leitos sem avanço drástico das internações. Ainda assim, o Poder Executivo desocupou o prédio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (a pasta desde então está na Funcesi), na Mata do Intelecto, para instalar a estrutura de socorro – se necessária – com 60 leitos iniciais projetados, podendo chegar a 100 leitos de internação.
De volta à pauta
A pandemia avançou, sobretudo com a constatação de linhagens diferentes do Sars-Cov-2 circulando pelo país – a de Manaus e a britânica – mais severas e com alta transmissibilidade (não há estudos sobre o impacto dessas cepas no município de Itabira).
Segundo o atual prefeito, Marco Antônio Lage (PSB), o hospital de campanha voltou à pauta. Em sua última live semanal, na quinta-feira (18), o gestor afirmou que dará o pontapé na estrutura se o agravamento dos casos persistir. Primeiro, o plano é abrir mais 28 leitos exclusivos para a Covid-19 nos dois hospitais – Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD) e Hospital Municipal Carlos Chagas (HMCC).
Os 28 leitos complementares citados por Marco serão possíveis por meio da reorganização das estruturas hospitalares: realocando leitos de cirurgias eletivas que foram adiadas e outras situações que permitem a readequação do espaço. Marco Antônio não deu outros detalhes sobre a ampliação, mas reforçou o pedido para que profissionais de saúde se voluntariem à linha de frente, uma vez que um obstáculo ao município está na contratação de pessoal para operar os leitos.
“Se preciso for, dependendo mais uma vez de recursos humanos, nós vamos fazer um hospital de campanha. Temos opções para fazer um hospital de campanha rápido. E a gente está buscando isso, se precisar, além dos leitos que estamos abrindo dentro dos próprios hospitais”, anunciou o socialista.
Conforme a plataforma de monitoramento da Covid-19, informatizada pela Prefeitura, Itabira tem neste momento 26 leitos de UTI e 55 de enfermaria para atendimento ao SUS. Na UTI, há hoje 20 pacientes de Itabira e seis de outros municípios. Na enfermaria são 53 os residentes na cidade e outros dois de municípios vizinhos, territórios que encaram dificuldades para transferir seus pacientes graves.
Fora da Mata do Intelecto
Procurada por DeFato, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura esclareceu que a estrutura de campanha é analisada com o auxílio da equipe de consultores do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, que chegou à cidade na semana passada.
“Ainda não há uma definição quanto à localização da estrutura, caso seja mesmo confirmada. Certo é que não será na Mata do Intelecto. O local continuará como um centro de apoio e monitoramento para as demandas referentes à Covid-19”, ratificou o setor.
A passos lentos
O desafio maior dos municípios está na vacinação, ainda lenta. De acordo com o último “vacinômetro” divulgado pela Prefeitura de Itabira – no dia 16 de março – 8.932 doses foram aplicadas na cidade de aproximadamente 120 mil habitantes. O município deve receber novas doses nesta segunda-feira (22) e passa a aplicar a segunda rodada aos profissionais de saúde, além de divulgar o calendário para a vacinação dos idosos com 70 anos ou mais.
A partir de 8 de março, Itabira fez adesão voluntária à onda roxa do plano Minas Consciente, que prevê fechamento do comércio não essencial e toque de recolher entre 20h e 5h. O município estaria nessa faixa até o dia 23. Com o novo posicionamento do Governo de Minas, de colocar todo o estado na fase mais restritiva, a medida passou a vigorar até às 5h do dia 31 de março.