Tiro trocado? Lula promete responder a tarifaço de Trump: “protecionismo não cabe mais”

Na quarta-feira, Trump anunciou a cobrança de 10% de todas as importações do Brasil

Tiro trocado? Lula promete responder a tarifaço de Trump: “protecionismo não cabe mais”
Foto: Ricardo Stuckert/PR/Flickr

Durante evento com ministros, aliados e parlamentares, ocorrido nesta quinta-feira (3), para fazer um balanço de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), comentou sobre a decisão do presidente norte-americano Donald Trump de impor tarifas ‘recíprocas’ a todos os países que têm relações comerciais com os EUA, entre eles, o Brasil.

Na quarta-feira, Trump anunciou a cobrança de 10% de todas as importações do Brasil.

Em discurso no evento, que recebeu o slogan de “Brasil dando a volta por cima”, lula disse que irá responder a qualquer iniciativa de impor protecionismo, “que não cabe mais ao mundo”.

“Somos um país que não tolera ameaça à democracia, que não abre mão de sua soberania, que não bate continência para nenhuma outra bandeira que não seja a bandeira verde e amarela, que fala de igual para igual e que respeita todos os países – dos mais pobres aos mais ricos – mas que exige reciprocidade no tratamento. Diante da decisão dos EUA de impor uma sobretaxa aos produtos brasileiros, tomaremos todas as medidas cabíveis para proteger as nossas empresas e nossos trabalhadores brasileiros, tendo como referência a lei de reciprocidade econômica aprovada ontem no Congresso Nacional e as diretrizes da OMC”.

Reagindo ao anúncio de Trump, o Congresso Nacional aprovou um projeto de lei que cria um marco legal permitindo que o governo brasileiro dê resposta equivalente a eventuais cobranças de tarifas de outros países que considere injustas.

O texto aprovado foi denominado de Lei da Reciprocidade Econômica.

Atualmente, o Brasil não adota tarifas específicas contra este ou aquele país, seguindo uma regra da Organização Mundial do Comércio (OMC) que proíbe favorecer ou penalizar outra nação do bloco com tarifas, mas o projeto aprovado no Congresso dá permissão para que o país descumpra essa norma internacional, determinando também que as medidas de retaliação do governo brasileiro sejam, “na medida do possível”, proporcionais ao impacto econômico causado pelas medidas unilaterais de outros países ou blocos.

Lula tem visto sua popularidade em queda acentuada e não conseguiu reverter o quadro, mesmo tendo trocado o titular da pasta da Comunicação, hoje sob comando de Sidônio Palmeira, marqueteiro da campanha de 2022.

Sidônio atualizou a linguagem nas redes sociais, sugerindo ao presidente dar mais entrevistas e fazer comparações de sua gestão com a gestão anterior, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A mais recente pesquisa realizada pelo Instituto Quaest, divulgada na quarta-feira (2), mostra queda vertiginosa na popularidade de Lula, com a desaprovação subindo de 49% para 56%, o pior índice em seus três mandatos.

Lula e aliados se queixam de que os programas sociais do seu governo não têm refletido positivamente junto à população, como os bons resultados da economia, a geração de empregos, o aumento real do salário mínimo e os dois anos de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Especialistas creditam o desgaste do governo à alta do preço dos alimentos e a preocupação com a segurança pública.

Desde 2024 o presidente tem prometido enviar ao Congresso uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para ampliar a participação da União na segurança, o que ainda não foi feito.

* Fonte: G1