Padre Márcio Flávio: o missionário planetário de Itabira
Márcio Flávio Martins tinha um sonho maior na sua adolescência, um desejo bastante peculiar dos jovens itabiranos nos anos 1990 (nas décadas anteriores o fenômeno se manifestava até com mais intensidade). O ingresso na Vale era a prioridade da juventude de então. Trabalhar na empresa significava a garantia de um futuro sólido e promissor. Havia […]
Márcio Flávio Martins tinha um sonho maior na sua adolescência, um desejo bastante peculiar dos jovens itabiranos nos anos 1990 (nas décadas anteriores o fenômeno se manifestava até com mais intensidade). O ingresso na Vale era a prioridade da juventude de então. Trabalhar na empresa significava a garantia de um futuro sólido e promissor. Havia diversos atalhos para alcançar esse fim. Um deles: cursar uma especialização no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). E Flávio, a princípio, optou por esta alternativa. E deu muito certo. O jovem formou-se soldador. Essa profissão foi uma espécie de salvo-conduto para o acesso à área industrial da mineradora. Assim, iniciou-se uma carreira de previsível sucesso.
Mas tudo mudou. O “sonhador” permaneceu muito pouco tempo na multinacional brasileira. O capítulo seguinte contém uma transformação radical. O irrequieto rapaz decidiu aprender Técnicas de Processamentos de Dados, no tradicional Colégio Nossa Senhora das Dores (CNSD). Após concluir essa formação, o ex-soldador foi admitido na Credivale. Esta fase estudantil, por sinal, foi muito intensa e rápida. O antigo morador do bairro Vila Piedade frequentou ainda a Escola Estadual Professora Maricas Magalhães e Escola Estadual Mestre Zeca Amâncio (EEMZA).
No universo religioso, Flávio recebeu significativa influência da sua família, tradicionalmente católica. Essa circunstância provocou outro redirecionamento no seu teatro de vida. A convivência com sacerdotes filipinos — que atuavam em Itabira, na ocasião — despertou a sua vocação definitiva. Desta forma, deu-se o insight (ou chamamento para o “ministério divino”). Assim, Márcio abandonou todos os seus planos anteriores, propôs dedicar-se definitivamente à Igreja e deu consistente passo para a concretização desta inciativa. Mudou-se para Belo Horizonte. Na capital mineira, graduou-se em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).
A próxima caminhada foi grande salto. Uma decisão bastante impactante. O filósofo foi embora para Filipinas. Ali, no período de 2016 a 2018, estudou teologia na faculdade Maryhill School of Theology de Manila, onde se ordenou e fez mestrado.
Depois de viver 12 anos no país asiático, Márcio Flávio começou um giro pelo mundo. O membro da Congregação do Imaculado Coração de Maria (CICM) registra marcante passagem pela África. Na verdade, já pregou os fundamentos do cristianismo em quase todos os continentes. Transformou-se num autêntico cigano da fé. O objetivo final de todo esse malabarismo internacional foi levar a palavra de Jesus Cristo para todos os cantos da Terra. O reverendo itabirano já ocupou os mais elevados postos da sua Congregação. Foi o líder da Província da América Latina Caribenha. Nesta posição, orientou padres na Guatemala, México, Haiti e República Dominicana. Atualmente, vive em Roma. Na Cidade Eterna, exerce a função de coordenador geral da CICM.
No mês de março, padre Márcio ficou alguns dias em Itabira. Veio para rever a sua terra natal, durante uma espécie de férias. O missionário esteve na “Sala de Visitas” da TV DeFato e contou as histórias mais marcantes da sua missão, relembrou momentos de tensão e revelou a dinâmica de funcionamento do moderno sistema de evangelização. O eclesiástico homenageou seus grandes ídolos no catolicismo e demonstrou o sentido pragmático da doutrinação.