Vereador Júlio do Combem denuncia ataques racistas sofridos na internet

Comentários ofensivos foram publicados no Facebook, em uma entrevista concedida pelo vereador a um meio de comunicação de Itabira. DeFato conversou com o vereador que usou as redes sociais para dar visibilidade ao caso

Vereador Júlio do Combem denuncia ataques racistas sofridos na internet
Foto: Arquivo Pessoal
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Na tarde dessa segunda-feira (29), o vereador José Júlio Rodrigues (PP), mais conhecido como Júlio do Combem, fez uma publicação em seu perfil no Instagram denunciando um ataque racista que sofreu na internet. O caso aconteceu após uma entrevista concedida ao jornal O Trem Itabirano — publicada no dia 24 de junho na rede social Facebook.

Na entrevista, Júlio do Combem defendeu o seu posicionamento na Câmara Municipal ao optar por votar contra uma moção de aplausos para a mineradora Vale — o único vereador a ter essa postura. Em conversa com o jornalista Fernando Silva, no portal DeFato, Júlio destacou que o autor dos comentários, por meio do perfil “Carlos Borges Carlos” nem sequer teceu sua opinião sobre o assunto em questão.

“Esse cidadão preferiu fazer um ataque racista ao invés de comentar o conteúdo da entrevista. Dizer que minha posição era em função da cor da minha pele ou de eu ter vindo de Moçambique. Isso tornou-se um fato muito agravante e racista. Como se as pessoas de Moçambique fossem inferiores em relação a outras pessoas”, comentou o vereador.

O perfil “Carlos Borges Carlos” também fez comentários se referindo ao vereador como uma pessoa analfabeta. No vídeo que divulgou nas redes sociais, Júlio fez questão de falar a respeito. “Convivi com pessoas que tiveram o seu direito à alfabetização negado e, nem por isso deixaram de demonstrar grande conhecimento em relação ao outro. Se estou onde estou é porque nunca me vitimizei em relação a nenhuma situação em que a vida me colocou. Me tornei educador, pós-graduado e respeitado. Uma pena que o senhor não tenha sido meu aluno para a prender um pouco mais sobre respeito ao próximo”.

Os comentários podem ser vistos nos prints abaixo.

 

Dar um basta

Durante a entrevista à DeFato, Júlio do Combem destacou que é importante não se calar diante desse tipo de situação. “A gente tem que entender que jamais podemos deixar que essas coisas passem impunes. A gente jamais pode permitir que isso continue perpetuando dentro a nossa sociedade”.

O vereador e educador explicou que as medidas legais cabíveis já estão sendo tomadas. Além de registrar em cartório as provas de que a injúria racial aconteceu, ele também dará início a um processo judicial. “Porque uma pessoa faz isso hoje? Porque ela já faz isso ao longo da vida dela e ninguém nunca fez nada. Mas, dessa vez, a providência está sendo tomada”, reforçou.

Professor e ator respeitado e querido em Itabira, Júlio aproveitou para incentivar as pessoas que reajam diante de situações como a vivida por ele. “Quantas pessoas já foram agredidas e permanecem caladas? A gente não pode se calar. O silêncio permite que pessoas como ele se fortaleça em seus pensamentos extremamente racistas. Nós não podemos nos silenciar diante dessas questões”, declarou.

O crime de injúria racial está previsto no artigo 140, parágrafo 3º, do Código Penal, e estabelece a pena de um a três anos de prisão e multa. A injúria racial acontece quando há ofensa à dignidade ou o decoro referente à raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.

Luta contra o racismo

“Fico muito triste diante da situação. Eu acho que as pessoas tem que expressar as opiniões delas, mas não precisam atacar as outras. Eu senti que o ataque não foi só à minha pessoa, foi também à Itabira, ao Brasil, à toda a população de Moçambique”, contou Júlio à DeFato.

A postura do vereador foi apoiada e celebrada por diversas pessoas. Inclusive nos comentários do perfil “Carlos Borges Carlos”, que ainda podem ser vistos, no grupo de Facebook em que a postagem original aconteceu. Diversos internautas fizeram questão de manifestar sua indignação.

“Eu realmente não consigo entender o que leva um ser humano a achar que a cor da pele faz com que uma pessoa seja inferior na forma de pensar e de demonstrar suas posições. Costumo dizer que, no Brasil, só quem é negro sabe o que é ser negro no Brasil. É um sentimento que só nós temos. Só nós sabemos como o preconceito atua nas pequenas formas das pessoas agirem e tratarem os outros. Mas, penso que cada vez em que as pessoas se manifestarem contrárias aos racistas, vamos mudar isso. Está todo dia na televisão, está todo dia nos jornais, e porque as ainda pessoas continuam agindo assim? Porque a impunidade ainda persiste no nosso país”, finaliza.

Assista ao vídeo publicado pelo vereador em suas redes sociais.

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