O otimismo está no ar…
Confira o novo texto da economista e colunista da DeFato Online, Rita Mundim
Apesar da pandemia e da gravidade da segunda onda da Covid-19, a economia brasileira dá sinais de resiliência, de força e de recuperação firme, em V. Você que é nosso leitor sabe exatamente o que eu estou falando porque estamos insistindo e batendo nessa tecla desde o segundo semestre do ano passado. Projetamos aqui que a retração do PIB, em 2020, seria próxima de – 4% enquanto o mercado falava em -7%, e o FMI em quase -10%, assistimos e analisamos a força das vendas ao varejo, da indústria extrativa mineral, da construção civil e do agronegócio.
E insistimos que o Brasil estava e está passando pela maior reforma estrutural da sua história, saindo do reino da agiotagem para o País do empreendedorismo pela mudança de modelo econômico, pela opção em implementar políticas de Estado para a mudança, para melhor, do ambiente de negócios e aí nós estamos falando da aprovação das reformas da previdência, já aprovada, administrativa e tributária, em discussão, sem perder o foco da consolidação fiscal do País.
As contas equilibradas ancoram positivamente as expectativas dos investidores e garantem um ambiente de juro baixo com inflação sob controle o que gera mais empregos, e, finalmente o crescimento sustentável.
Vivenciamos nessa semana, na prática, os números que nos permitem ver que o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo ministério da economia, desde o início do governo Bolsonaro, na busca pelo equilíbrio fiscal sustentado por reformas capazes de melhorar as receitas e a quantidade e qualidade do gasto do setor público está atingindo seus objetivos, apesar da pandemia.
Nos primeiros quatro meses de 2021, o governo teve um superavit de R$41 bilhões, o melhor resultado para o período desde 2014, segundo o CAGED, nesse mesmo período, foram criados quase um milhão de empregos formais, e a dívida bruta que estava projetada para mais de 90% do PIB, ao final de 2020, pode ficar em 85%. O Tesouro Nacional anunciou que está conseguindo, com sucesso, melhorar o perfil da dívida, aumentando o prazo e reduzindo a parcela prefixada com o aumento da colocação de títulos atrelados à SELIC e com correção pelo IPCA + juros.
Segundo o Tesouro, a Dívida Pública Federal que foi estimada, em janeiro, em R$5,9 trilhões para o final do ano pode ser reduzida para R$5,5 bilhões de acordo com os dados do PAF, Plano Anual de Financiamento, divulgado na semana passada. E as notícias positivas em relação ao fiscal e ao tratamento da dívida não param por aí…
O superavit das Contas do Governo Central, em abril, conseguiu surpreender até o mais otimista dos otimistas, chegando a R$16,5 bilhões quando a previsão mais otimista apontava para R$8 bilhões. O ministro da economia Paulo Guedes já admite uma revisão ousada para a meta de déficit fiscal de 2021, que poderia cair de R$247 bilhões para cerca de R$150 bilhões. A balança comercial brasileira atingiu saldo recorde histórico, em abril, e a privatização da Eletrobras está em curso, a dos Correios vem aí.
Diante deste cenário, o mercado precificou o otimismo: O IBOVESPA bateu novo recorde histórico de valorização e fechou a 125.561 pontos, 0,4% acima da máxima de 08 de janeiro deste ano quando o índice fechou a 125.077 pontos. Na semana, a bolsa subiu 2,42%, no mês 5,61% e no ano, 5,5%. Na outra ponta o dólar despencou -2,64% na semana, -4,05% no mês e -3,18% no ano. Os juros futuros negociados na B3 fecharam em queda e no mercado internacional, o risco País medido pelo CDS (CREDIT DEFAULT SWAP) fechou no menor nível desde 10 de maio.
A agência de classificação de risco, FITCH, manteve inalterada a nota de risco do Brasil quando parte do mercado achava que poderia ser rebaixada e, a maioria dos bancos e instituições financeiras revisaram para cima a expectativa de crescimento do PIB. A grande maioria dos economistas que há menos de um mês atrás projetava um crescimento de no máximo 3% para o PIB, deste ano, revisaram suas projeções para algo entre 4% e 5%.
Se o ritmo de vacinação acelerar o suficiente para mostrar um quadro de declínio na transmissibilidade do vírus e caminharmos firmes para a normalização do setor de serviços poderemos ter um crescimento acima de 5%a.a… Ainda não chegamos ao final do primeiro semestre e apesar do agravamento da pandemia em março e abril, a economia brasileira resistiu e mostrou força.
Rita Mundim é economista, mestre em Administração e especialista em Mercado de Capitais e em Ciências Contábeis
O conteúdo expresso neste espaço é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.