Pastoral dos moradores de rua, uma lição de amor
Anônimos com apoio da Igreja Nossa Senhora da Piedade, em Itabira, doam tempo, trabalho e comida para ajudar os necessitados
A realidade em que vivem inúmeros moradores de rua é cruel! Além de não possuírem as condições básicas de sobrevivência, também estão propensos à violência, maus tratos e, principalmente, ao desprezo e abandono. No entanto, existem pessoas que simplesmente ignoram o fato e outras que estendem as mãos e fazem a diferença na vida de alguém. Esse é o caso da equipe da Pastoral do morador de rua de Itabira.
Ideia
Tudo começou quando, há três anos atrás, Margarida estava assistindo à missa do padre Francisco César, em Itabira. Ao ouvir o padre dizer, durante a celebração da missa, que seu sonho era promover um sopão para as pessoas carentes, Margarida teve uma ideia. Sempre preocupada com a situação dos moradores de rua, ela e sua família desenvolveram um projeto cujo nome é Pastoral dos moradores de rua.
Após a adesão de vários empresários da cidade, eles foram em busca de apoio da paróquia que, imediatamente, se prontificou a ajudar. Então, com tudo pronto, iniciou-se o projeto. O padre José Marcelino, que atualmente é o pároco da Paróquia Nossa Senhora da Piedade de Itabira, na qual o projeto é executado, disse como é realizado o trabalho deles.
“As paróquias têm suas comunidades, mas o trabalho de ação social não pode restringir somente à sua comunidade. Se você tem uma outra paróquia ou alguém precisando, nós ajudamos”.
A importância da igreja, dos empresários e dos voluntários para o projeto é ressaltada por um dos idealizadores.
“Quando montamos a Pastoral dos moradores de rua, não quisemos parcerias com multinacionais e nem com o governo. Foi um trabalho independente. Já chegamos com ele todo montado e patrocinado. Mas não tínhamos um local para colocá-lo em prática. A igreja nos ajudou com o espaço e os equipamentos. Não temos nenhuma ONG que nos apoie. Temos o bispo Dom Marco Aurélio, o padre Marcelino que nos apoia, pessoas comuns que doam seus trabalhos e empresários que doam insumos, sem nada em troca. Sem a ajuda de todos, esse projeto não sairia do papel”, fala.
Dinâmica
Margarida, a idealizadora do projeto, contou como funciona a Pastoral dos moradores de rua. O projeto é sem fins lucrativos e “vive” de doações. Tanto as empresas como os 30 voluntários que colaboram não querem ser identificados. São anônimos que participam sem nenhum interesse e com um único objetivo: fazer o bem.
Os voluntários se encontram na cozinha da paróquia, todos os dias, de 16h às 18h. Fazem os marmitex e, em seguida, levam aos moradores de rua. Atualmente, estão sendo distribuídos na praça Acrísio, por volta das 18h30 min. Também, entregam comida para os acompanhantes dos enfermos, no Hospital Nossa Senhora das Dores. No entanto, para isso acontecer é necessário uma série de etapas como: buscar o alimento, limpar, armazenar, separar, fazer e entregar. Além disso, cestas básicas, kits de legumes, roupas, sapatos, móveis são encaminhados às pessoas carentes.
“Estamos no século XXI. Com tanta tecnologia, tanta modernidade, tanto conforto e tem gente que está sem comida. Comida, gente, é básico. Todo mundo tinha que ter arroz, feijão, carne e legumes em casa. É um drama muito grande. As pessoas acham que precisam pagar a comida e quando sabem que é gratuita, elas adoram. Na pandemia, por causa do decreto, fomos impedidos de entrar no hospital. O pessoal ficou desesperado, principalmente da hemodiálise. As pessoas que vêm para hemodiálise chegam no hospital por volta das 14 h e chegam em casa, por volta de 24h. Isso, três vezes na semana. Como a pessoa consegue se alimentar todos esses dias? Para as pessoas carentes fica muito caro”, relata Margarida.
Um detalhe importante é que todas as receitas do cardápio são feitas com legumes. Além de saciar mais a fome, eles são ricos em vitaminas, minerais e fibras, e devem estar presentes nas refeições, pois contribuem para uma boa saúde e protegem contra o aparecimento de várias doenças.
Além da comida
Segundo relatos de Margarida, um morador de rua não quer apenas comida.
“Eles querem conversar e receber um pouco de atenção. Eu conheço todos pelo nome, pergunto o que aconteceu, qual o drama da vida dele, se tem problemas familiares, com álcool ou com drogas. Nós nos envolvemos com as histórias deles e acabamos criando laços. Sempre queremos saber onde e como estão”.
Júnior, que é um dos filhos dos idealizadores do projeto, fala da admiração que tem pelos pais por terem ensinado desde cedo o filho a praticar o bem. “Desde pequeno, meus pais me ensinaram o quanto é importante acolher e ajudar alguém. Sempre me levavam para os projetos sociais que faziam. Ajudar o próximo é uma sensação única. É muito melhor pra nós do que pra eles. Receber um Deus te abençoe, um muito obrigado, é gratificante!
Novo projeto
A Pastoral dos moradores de rua ainda tem mais ambições. Querem entregar o marmitex aos sábados e domingos. Além disso, têm um sonho de oferecer almoço também. No entanto, para isso acontecer, é necessário mais voluntários e recursos financeiros. Se você quer ajudar de alguma forma, seja com alimentos, roupas, móveis ou simplesmente com uma palavra de carinho, procure a Pastoral dos moradores de rua. Lá qualquer ajuda é bem-vinda.
Veja abaixo as fotos: