Secretaria de Meio Ambiente recorre ao Estado contra nuvens de poeira da Vale

Alguns integrantes da pasta afirmam que a aplicação das multas não tem bastado na resolução do problema

Secretaria de Meio Ambiente recorre ao Estado contra nuvens de poeira da Vale
Nuvem de poeira e minério vista no bairro Fênix – Foto: Jeffin Dias

Uma situação recorrente, que tem dado dor de cabeça à população itabirana e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), são as “nuvens de poeira” oriundas das minas da Vale. O fenômeno ocorre quando há uma combinação de um clima seco e quente com poeira acumulada ao longo de vários dias, junto com a ocorrência de ventos fortes.

Em algumas ocasiões, a SMMA aplicou multas à mineradora pelo dano causado ao ar itabirano. Dois episódios, no ano passado, geraram à Vale um prejuízo financeiro próximo dos R$ 7 milhões. Porém, a pasta comandada por Denes Lott busca outras alternativas.

Neste mês, a Secretaria de Meio Ambiente acionou a Superintendência Regional de Meio Ambiente (Supram) e a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), afim de saber quais outras medidas podem ser utilizadas no combate ao problema. Os dois órgãos estaduais são responsáveis por licenciamentos concedidos à Vale.

Extraoficialmente, alguns integrantes da SMMA comentam que as multas não tem sido suficientes para punir a mineradora. Seja pelo pouco impacto no orçamento da empresa, ou pelo fato dela lutar contra as penalizações até as últimas instâncias, gerando, desta forma, processos arrastados, que duram anos.

Denes Lott
O secretário municipal de Meio Ambiente, Denes Lott. Foto: Victor Eduardo/DeFato Online

Superintendente da pasta, Diego Pimenta explica os procedimentos realizados. “Comunicamos a eles (Supram e FEAM) que houve o extrapolamento (do parâmetro da qualidade do ar), e solicitamos deles, como órgãos licenciadores do empreendimento, qual a definição de tomada de decisão nesse caso. Por causa de condicionantes que estão no licenciamento e por causa desse trâmite feito pelo órgão que licencia, e não por nós, apesar de também podermos aplicar multas. É mais um apoio técnico de procedimentos a serem adotados em conjunto, inclusive com esses órgãos”, detalha.

À DeFato, a secretaria afirma fiscalizar o “extrapolamento dos parâmetros da qualidade do ar previstos em legislação federal”. Também foram explicados os critérios adotados para a aplicação das multas.

“O valor das multas varia de acordo com a ocorrência, o grau de poluição e a reincidência no dano. As multas de 2021 somam mais de 5 milhões juntas. O evento de 2022 está sob discussão com a SUPRAM – Superintendência regional de Meio Ambiente de Governador Valadares – e com a Fundação Estadual do Meio Ambiente, órgãos licenciadores do empreendimento.”

Questionada pela reportagem sobre a eficácia das multas, a pasta se limitou a dizer que as punições geram ações de “minimização de danos” por parte da Vale, sem detalhar, no entanto, quais seriam tais ações.

“As penalizações desencadeiam ações da empresa visando a minimização dos danos. Algumas ações de mitigação têm sido adotadas pela Vale e são apresentadas nas reuniões do Codema (Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente) mensalmente. As reuniões são públicas e abertas a toda população para participação e questionamento, desde que inscritos antes do inicio das reuniões”, acrescenta.

A SMMA também diz realizar reuniões sobre o tema com a gigante da mineração. “Além das discussões realizadas no Codema, a Secretaria realiza, frequentemente, reuniões com a equipe técnica da Vale responsável pelas ações de controle das emissões”, completa.