Denúncias afirmam que Hospital Margarida está atendendo casos de Covid junto com pacientes não-infectados
Hospital se pronunciou de forma oficial na manhã desta sexta-feira (29)
Diversos depoimentos de pacientes e acompanhantes que recentemente precisaram de atendimento no pronto-socorro do Hospital Margarida apresentam uma nova situação na casa de saúde: apenas uma porta de atendimento de entrada para casos de Covid-19 e outras situações.
Famílias, acompanhantes e pacientes procuraram a nossa equipe e relataram a situação. Todos preferiram manter o sigilo com relação aos nomes.
Caos
A primeira a procurar nossa equipe relatou a situação crítica vivenciada no local ao acompanhar um paciente idoso.
Eu acompanhei um paciente nesta semana no pronto-socorro esta semana. Identifiquei com os seis pacientes que estava lá que todos eram idosos, de 80 a 84 anos. No meio desses pacientes tinha uma idosa e ela estava infectada com Covid. Estava cuspindo, dessaturando, escarrando no pano também. Perguntei aos técnicos o motivo dela estar junto com os outros idosos sem a doença. Fui ao supervisor do plantão que também não soube explicar. Eu estava acompanhando um senhor de 80 anos, que teve o quadro de hemorragia digestiva, pneumonia, e no outro dia já liberaram ele para casa sem ter dado para ele nenhum antibiótico. Deram o exame de endoscopia para fazer fora do hospital. Perguntei para a médica, ela também não soube informar. Depois me falaram que os pacientes estavam salteados, cada um em um setor, e assim por diante no pronto-socorro. Posteriormente, a resposta que tive do supervisor é que agora não tem lugar específico para pessoas infectadas”, relata.
A filha desse senhor conversou com a nossa equipe que teve que seguir com todos os procedimentos fora da casa de saúde, como compra de remédios, consultas particulares e realização de exames.
“Meu pai não morreu porque, graças a Deus, cuidamos dele de imediato ao sair do hospital. Ele estava com um quadro de pneumonia e nem medicação com antibiótico deram. Fizemos uma consulta particular e o médico ressaltou a necessidade dos remédios que ele precisava de forma mais rápida possível. Se fosse uma família sem condições de consultar no particular, tinha perdido meu pai”, disse a filha.
Em outro caso, a acompanhante do avô relatou a mesma situação quanto ao atendimento conjunto de pacientes infectados com Covid e dos que tratam outras doenças.
“O atendimento no pronto-socorro está horroroso, é inacreditável o desleixo que estão tratando os pacientes. Gente, acabamos de sair de dois anos de pandemia, milhares de mortos, ainda não acabou a doença, e tão deixando juntos idosos infectados com não-infectados. Misericórdia, cadê a humanidade? Se continuar assim, infelizmente teremos mais casos confirmados da doenças e possíveis óbitos”, ressaltou a neta.
“Menosprezo”
O vereador e presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de João Monlevade, Revetrie Teixeira (MDB) procurou a DeFato para apurarmos sobre a situação.
“É uma situação de extremo descaso com a vida humana que está acontecendo no hospital. Nós não vencemos totalmente o coronavírus, ainda morrem pessoas, são vidas, não podemos menosprezar. A mesma vida que morre hoje ainda pela doença é uma que se foi durante o período pandêmico. Atender juntamente no pronto-socorro pacientes que estão infectados e os que não apresentam a doença é crueldade, é problema de saúde pública”, enfatizou o legislador.
Protocolo
Em resposta aos questionamentos feitos pela equipe da DeFato, a assessoria do Hospital Margarida disse que a casa segue o protocolo do Ministério da Saúde e por isso está atendendo com uma porta única de entrada os pacientes.
“O Hospital Margarida, atualmente, conta com uma porta única de entrada para atendimentos dos pacientes, haja vista prerrogativa do Ministério da Saúde, que a partir de abril de 2022 desobrigou os hospitais a manter alas específicas para tratamento de COVID-19, considerando o calendário vacinal. Desta feita, o Hospital Margarida, atento às Normas vigentes, pauta-se, neste cenário, em determinações e orientações para prevenção. Conforme Nota Técnica GVIMS/GGTES/ANVISA Nº07/2020 – Orientações para Prevenção e Vigilância Epidemiológica das Infecções por SARS-Cov-2 (COVID-19) dentro dos Serviços de Saúde, atualizada em 09/03/2022 os pacientes devem chegar ao estabelecimento de saúde e permanecer de máscara durante todo atendimento, preferencialmente máscaras cirúrgicas”, ressalta em nota.
Para finalizar, o hospital diz ter quatro leitos de isolamento e um Plano de Ação caso necessite de mais leitos isolados.
“Ainda, os pacientes sintomáticos e assintomáticas devem manter rigorosamente as ações preventivas apropriadas, bem como higienização das mãos com água e sabonete líquido ou solução alcoólica. Importante mencionar que os profissionais de saúde são orientados a seguir os protocolos e utilizar os Equipamentos de Proteção Individual. Quanto aos leitos de isolamento, o Hospital possui critérios e medidas a serem adotadas quando da internação dos pacientes. Possuímos 04 leitos de isolamento, sendo dois destinados a enfermarias, nas unidades de internação, e dois destinados à ala do CTI. Ressalte-se que em casos de ocupação total, o Hospital possui Plano de Ação para disponibilizar leitos isolados, se necessário”, finaliza a nota.