Moradia em comunidade de BH vence concurso internacional de arquitetura

A casa foi uma das cinco finalistas da categoria e era considerada favorita.

Moradia em comunidade de BH vence concurso internacional de arquitetura
Foto: Divulgação
A Casa no Pomar do Cafezal venceu o Building of the Year 2023, concurso internacional de arquitetura promovido pelo Archdaily, que selecionou a Casa do Ano. A informação foi confirmada por Kdu dos Anjos, o proprietário da casa, em uma publicação em sua conta no Instagram. A construção fica em uma viela íngreme do Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, comunidade que abriga cerca de 100 mil pessoas.

A casa foi uma das cinco finalistas da categoria e era considerada favorita. Único concorrente com impacto social, o projeto disputou o título com uma casa de vidro, perto de Berlim, idealizada para uma família pequena que recebe muitos convidados; uma casa-abrigo, construída por um casal de vietnamitas pensando na aposentadoria; uma casa em uma vila residencial numa área de clima desértico na Índia; e uma casa em terracota construída para uma família no México.

A casa foi construída com os mesmos materiais com que foram construídas as outras casas do gigantesco complexo de favelas. A fachada de tijolo e cimento não é pintada, as tubulações de água são externas, assim como as ligações elétricas, e suas janelas são de ferro, como as das casas vizinhas.

A construção tem um custo parecido com as demais da favela, a diferença está na forma como os elementos foram utilizados, com especificações de projeto e técnicas construtivas que permitiram a criação de um espaço eficiente e com qualidade ambiental. O projeto foi dirigido e assinado pelos arquitetos Fernando Maculan e Joana Magalhães, integrantes do Levante, coletivo de voluntariado em favelas e que reúne diversos profissionais como engenheiros, eletricistas, paisagistas e designers, além de estudantes.

Estrutura

Essa iniciativa compartilha o conhecimento e a experiência adquiridos com as pessoas das comunidades, cujos aprendizados têm sido essenciais para os responsáveis pelo projeto.

A casa, que tem uma área de 66 metros quadrados e dois níveis, fica sobre uma forte estrutura cujas fundações também ajudam a sustentar outras casas. Suas paredes foram construídas com tijolo vazado usado na horizontal, uma mudança sutil que virou a fachada de cabeça para baixo e trouxe benefícios adicionais.

“Por serem horizontais, dão forma a uma parede mais larga e com maior inércia térmica, o que se traduz em um ambiente que vai demorar mais a aquecer quando há temperaturas elevadas e a preservar um pouco mais o clima interno quando está frio,” explicou o arquiteto.

Algo semelhante é visto com o desenho de janelas e portas que, além de permitir a entrada de luz natural e dar mais luminosidade ao ambiente, geram ventilação cruzada que resfria o ambiente. Já as tubulações externas de água ajudam a evitar vazamentos.