Em Itabira, deputadas Célia Xakriabá e Bella Gonçalves discutem impactos do Projeto Serpentina, da Vale

As parlamentares estiveram no município para debater a mineração em um seminário que reuniu lideranças locais e regionais

Em Itabira, deputadas Célia Xakriabá e Bella Gonçalves discutem impactos do Projeto Serpentina, da Vale
Célia Xakriabá, Bella Gonçalves, Junio César dos Anjos e Carolina Peixoto – Foto: Gustavo Linhares/DeFato
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A Vale vem trabalhando para viabilizar o Projeto Serpentina, que prevê a extração mineral na Serra do Espinhaço, em Minas Gerais. Porém, tem levantado questionamentos e preocupações nas comunidades que podem ser impactadas pela iniciativa. Para debater o tema, uma articulação de entidades dos povos tradicionais, movimentos sociais e partidos políticos promoveram, no último final de semana, em Itabira, um seminário com diversas lideranças — entre elas Célia Xakriabá, deputada federal, e Bella Gonçalves, deputada estadual.

O Projeto Serpentina se estenderá pelas cidades de Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim, Morro do Pilar, Carmésia, Santo Antônio do Rio Abaixo, São Sebastião do Rio Preto, Itambé do Mato Dentro, Passabém, Santa Maria de Itabira, Nova Era e Antônio Dias. De acordo com a Vale, a iniciativa inda prevê um a construção de um mineroduto com aproximadamente 115 quilômetros, que interligará a área de extração até a cidade de Nova Era, onde o minério deve ser escoado pela Estrada de Ferro Vitória a Minas.

No sábado (1º), pouco antes do início do seminário, o diretório itabirano do PSOL, organizou uma coletiva de imprensa, com Célia Xakriabá e Bella Gonçalves, que abordaram a questão mineração, seus impactos e quais alternativas podem ser dadas às cidades que, como Itabira, possuem dependência econômica dessa indústria extrativista.

“A gente veio especialmente para um encontro do Movimento de Alternativa à Mineração, o MAM, uma iniciativa popular para poder pensar a resistência ao Projeto Serpentina, que é mais um projeto que vai avançar a mineração na Serra do Espinhaço, pegando desde Santa Maria de Itabira até Conceição do Mato Dentro, propondo a construção de novo mineiroduto, causando impactos ambientais, sociais e sobre as comunidades tradicionais”, ressaltou Bella Gonçalves.

“Queremos frear o processo serpentino da forma como ele vem acontecendo e queremos aumentar a fiscalização ambiental nesse estado. Em pensar como que a gente não pode permitir que a mineração avance sem conversar com as pessoas, sem perguntar para aqueles que são donos do território se pode ou não passar um mineiroduto, se pode ou não pode iniciar uma nova capa de mineração. Porque a forma como isso altera a vida das comunidades é muito intensa”, completou Bella Gonçalves.

Em Itabira, deputadas Célia Xakriabá e Bella Gonçalves discutem impactos do Projeto Serpentina, da Vale
Bella Gonçalves – Foto: Gustavo Linhares/DeFato

Diversificação econômica

Para a deputada estadual Bella Gonçalves, Itabira tem no turismo e na educação os caminhos para diversificar a sua matriz econômica, gerando emprego e renda. “Itabira tem um potencial enorme de ser sede de mais institutos e universidades, de trabalhar com a produção da tecnologia. Itabira tem uma zona rural repleta de cachoeiras, de espaços com potencial ecoturístico gigantesco, além das atividades culturais, os congados. São atividades que acontecem aqui e que podem ser fortalecidas”, avaliou.

A parlamentar também sugeriu um mecanismo em que a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) possa ser usada para apoiar o fortalecimento de outros setores. “A diversificação econômica passa pela exigência de que a CFEM seja reinvestida nesses projetos”, ponderou.

Em Itabira, deputadas Célia Xakriabá e Bella Gonçalves discutem impactos do Projeto Serpentina, da Vale
Célia Xakriabá e Bella Gonçalves – Foto: Gustavo Linhares/DeFato

Já Célia Xakriabá se colocou à disposição para intermediar junto ao governo federal — sobretudo com Marcelo Freixo, presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), e Daniela Carneiro, ministra do Turismo — alternativas tanto para o Projeto Serpentina quanto para a economia das cidades mineradoras.

“Não dá para seguir sendo a atividade [econômica] principal se ela é tão predatória. (…) Levando em consideração a Serra da Serpentina, são 94 cavernas, sendo que 49 correm risco e ameaça de serem destruídas. Olha a potência [dessas cavernas] para o ecoturismo. Então Itabira pode ser a grande referência, não somente para o Brasil, mas para o mundo, no ecoturismo sustentável, em uma transição energética, humanitária e econômica”, avaliou Célia Xakriabá.

“Então é muito importante pensar em um lugar onde se vivencia um impacto negativo e encontrar soluções. (…) Nesse sentido, Itabira pode ser, sim, reconhecida e ser muito mais referência até do que a capital mineira para pensar essa transição econômica”, acrescentou Célia Xakriabá.

Célia Xakriabá, Bella Gonçalves, Junio César dos Santos, Carolina Peixoto
Célia Xakriabá – Foto: Gustavo Linhares/DeFato

Também participaram do bate-papo com a imprensa o prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage (PSB); Carolina Peixoto, que integra a diretoria do PSOL Itabira; e Junio César dos Anjos, da Brigada Populares.