Mariana: Rio Piracicaba seria atingido por lama em caso de rompimento de barragem interditada da Vale

Um relatório da ANM traça o caminho que seria percorrido pela lama, chegando ao Córrego Congonhas, encontrando o Rio Piracicaba em Santa Rita Durão

Mariana: Rio Piracicaba seria atingido por lama em caso de rompimento de barragem interditada da Vale
Rio Piracicaba no distrito de Santa Rita Durão, em Mariana – Foto: Reprodução/Google Street View

A Agência Nacional de Mineração (ANM) interditou a Mina de Fábrica Nova, em Mariana, que é de responsabilidade da Vale, pela falta de comprovação de estabilidade de três pilhas de estéril (PDE), depositadas acima de uma barragem de rejeito. Dentre as preocupações caso as estruturas cedam, está o risco de contaminação do Rio Piracicaba, que poderia ser atingido em minutos.

Um relatório de fiscalização da ANM, datado de setembro de 2022, destaca que uma possível ruptura do dique PDE Permanente I — uma das pilhas de estéril interditada devido a um possível risco de rompimento —, formaria uma onda que se propagaria rumo ao distrito marianense de Santa Rita Durão, afetando áreas urbanas, estradas, pontes e áreas com vegetação densa.

O relatório traça o caminho que seria percorrido pela lama, chegando ao Córrego Congonhas, encontrando o Rio Piracicaba em Santa Rita Durão, atingindo o município de Mariana e áreas edificadas.

O Rio Piracicaba nasce na Serra do Caraça, em Ouro Preto e percorre cerca de 241 km, passando por Ipatinga e Timóteo, antes de alcançar o Rio Doce, que já foi afetado pelos rejeitos da barragem de Fundão, da Samarco, que rompeu em 2015, também em Mariana. Bento Rodrigues, comunidade que foi devastada durante o crime ambiental de oito anos atrás, era um subdistrito de Santa Rita Durão que, agora, vê o pesadelo de um rompimento de barragem se repetir.

Em nota ao jornal O Tempo, a Vale informou que a ANM e Defesa Civil começaram uma vistoria na última segunda-feira (13), que vem sendo acompanhada pela mineradora, “trazendo os esclarecimentos necessários sobre as condições de regularidade das estruturas”.

Ainda segundo a nota: “Importante reforçar que as estruturas geotécnicas da companhia são vistoriadas frequentemente pela agência reguladora e monitoradas permanentemente por equipe técnica especializada”.

A Vale reforçou que “não há risco iminente atrelado às pilhas de estéril da Mina de Fábrica Nova, em Mariana, assim como não há a necessidade de remoção de famílias. A pilha de estéril é uma estrutura de aterro constituída de material compactado, diferente de uma barragem e não sujeita à liquefação”.

Por fim, a Vale diz que “o dique que seria ameaçado por eventual queda das pilhas de estéril é de “pequeno porte” e tem declaração de condição de estabilidade positiva, e que a segurança é um valor inegociável e que cumpre todas as obrigações legais. A Vale continuará colaborando com as autoridades e fornecendo todas as informações solicitadas”.