Dia Mundial de Conscientização do Autismo: especialista ressalta a importância da inclusão e do conhecimento
Especialista explica que informação é a melhor forma de respeitar pessoas identificadas com transtorno
Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo estão diagnosticadas com autismo e, no Brasil, são aproximadamente 6 milhões de crianças — o Dia Mundial de Conscientização do Autismo é celebrado em 2 de abril. Considerado um transtorno do neurodesenvolvimento, o autismo se inicia nos primeiros anos de vida, com déficits persistentes na comunicação e na interação social, apresentando interesses restritos, comportamentos repetitivos, acompanhados de atraso da linguagem.
O transtorno não possui cura, mas o paciente pode ser estimulado a desenvolver a capacidade de compreender e de comunicar, com técnicas baseadas na ciência do comportamento, executadas por uma equipe multidisciplinar. Todo o tratamento deve ser individualizado para cada necessidade do paciente. Os sinais de alerta podem ser percebidos no primeiro ano de vida, sendo o diagnóstico estabelecido por volta dos dois a três anos de idade. O autismo é muito mais frequente no sexo masculino, sendo cerca de 3,8 meninos são diagnosticados com o transtorno para uma menina. E, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a prevalência da criança com autismo é para cada 36 crianças nascidas vivas.
A neurologista pediátrica da Fundação São Francisco Xavier (FSFX), Dra. Ellen White Rodrigues Bacelar Almeida, ressalta a importância do compartilhamento das informações: “É necessário falar do tema para que a sociedade conheça mais sobre o que é o autismo, de forma que as pessoas com diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) sejam mais bem compreendidas e, assim, se sintam integradas na sociedade, além de diminuir preconceitos e discriminação, aumentando o respeito à suas neurodiversidades. É importante que haja uma mudança na sociedade. A informação é a melhor forma de respeitar os direitos dos indivíduos com autismo”.
A especialista menciona que crianças dentro do espectro do autismo apresentam muitas dificuldades de contato visual e interação social. “As crianças preferem brincar sozinhas, não apresentam gestos e falas dos outros, não atendem quando são chamadas. Mostram dificuldade em iniciar ou manter conversas e um detalhe importante é o atraso no desenvolvimento da fala. Não compreendem gestos, expressões faciais, além de grande resistência a mudanças na rotina, dificuldades sensoriais e apego a objetos, ou seja, dão mais importância aos objetos do que para as pessoas. Esses sinais variam muito conforme a faixa etária”, afirma.
O diagnóstico do autismo é clínico, feito com um médico especialista em neurologista infantil ou um psiquiatra infantil, que irá realizar a anamnese, uma entrevista com os pais e a avaliação da criança. Associada a essa consulta, acontece a análise neuropsicológica que também auxiliará no diagnóstico. “Quanto antes a pessoa for diagnosticada e iniciar terapias que possam ajudá-la a desenvolver sua cognição, é possível promover também o desenvolvimento das habilidades de comunicação, socialização, aprendizagem, autonomia nas atividades de vida diárias, enfim, melhor desenvolvimento na qualidade de vida. Fundamental é o engajamento da família e dos pais para trabalhar com essas crianças em casa. Essa rede de apoio garante mais sucesso no tratamento, e assim, uma melhor resposta dessas crianças”, conclui a neurologista infantil.