Operação “Caça-Fantasmas” desarticula esquema de fraudes de R$ 5 bilhões em cidade de Minas Gerais

Ação conjunta investigou organização criminosa responsável por empresas fantasmas, notas fiscais fraudulentas e sonegação fiscal

Operação “Caça-Fantasmas” desarticula esquema de fraudes de R$ 5 bilhões em cidade de Minas Gerais
Foto: Divulgação/PCMG

Uma operação de grande porte foi deflagrada nesta terça-feira (26) em Unaí, no Noroeste de Minas Gerais, com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa envolvida em crimes financeiros e tributários. Denominada “Caça-Fantasmas”, a ação foi conduzida pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Secretaria de Estado de Fazenda (SEF).

Esquema milionário de fraudes fiscais

Segundo as investigações, o grupo criminoso movimentou cerca de R$ 5 bilhões em notas fiscais fraudulentas e gerou um prejuízo estimado de R$ 600 milhões aos cofres públicos. A organização criou pelo menos 268 empresas fantasmas registradas em nome de “laranjas”, muitas vezes pessoas em situação de vulnerabilidade ou dependentes químicos.

Os responsáveis por operar o esquema incluíam contadores, agentes de certificação digital e empresários de diferentes setores. Eles utilizavam as empresas fictícias para emitir notas fiscais frias, ocultar rendimentos e sonegar tributos, especialmente o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Os recursos obtidos ilegalmente eram investidos em atividades econômicas lícitas na cidade de Unaí, como construção civil, aquisição de imóveis, supermercados, academias, casas lotéricas, cafeterias, postos de combustíveis e lojas de conveniência.

Cumprimento de ordens judiciais

A operação envolveu 90 policiais civis, 27 agentes da Receita Estadual e promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Foram cumpridos:

  • dez mandados de prisão preventiva, incluindo os líderes da organização;
  • 34 mandados de busca e apreensão em locais vinculados ao esquema;
  • 88 ordens de suspensão de atividades econômicas e bloqueio de contas bancárias;
  • 117 mandados de sequestro de veículos de luxo, caminhões e utilitários;
  • 45 mandados de sequestro de imóveis, incluindo propriedades rurais e residenciais adquiridas com recursos ilícitos.

Modus operandi

De acordo com a Polícia Civil, o grupo realizava mutirões em regiões de baixa renda, especialmente em cidades satélites do Distrito Federal, para recrutar pessoas com baixa instrução e usá-las como “laranjas” no esquema. Agentes de certificação digital e contadores falsificavam documentos para abrir empresas e contas bancárias.

Os crimes identificados incluem estelionato, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistemas públicos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.

Impacto e próximos passos

A operação busca desarticular completamente a organização criminosa e recuperar o dinheiro desviado, já que é uma ação estratégica para combater crimes financeiros de alta complexidade que impactam diretamente a arrecadação estadual e a economia local.

A investigação continuará para identificar outros possíveis envolvidos no esquema e detalhar o fluxo de recursos ilícitos.