Adiada definição sobre desvio de curso d’água em Catas Altas para expansão de mina da Vale

“Esse projeto é de morte ao Morro da Água Quente”, definiu a moradora

Adiada definição sobre desvio de curso d’água em Catas Altas para expansão de mina da Vale
Embate entre comunidade e mineradora pautou reuniões no Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba- Foto: Cíntia Araújo/DeFato Online

Cinco pedidos de vista adiaram para o dia 17 de janeiro a decisão do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba sobre a outorga solicitada pela mineradora Vale. A empresa quer autorização para desvio e uso de água no distrito do Morro da Água Quente, em Catas Altas. Conforme projeto apresentado pela mineradora, é necessária a manobra para expansão da exploração da mina Fazendão.

O assunto foi pauta de reunião extraordinária do comitê, que começou na manhã desta quinta (9), em João Monlevade, e durou até o início da tarde.

De um lado, representantes da mineradora relataram a necessidade da outorga, que segundo eles, não causará impacto no abastecimento de água em Catas Altas.

Do outro lado, manifestantes que alegam impacto ambiental e no abastecimento de água para a população catas-altenses. Intermediando e buscando entender o projeto estavam 23 representantes do comitê, que por meio do voto poderiam ou não autorizar o empreendimento.

Manifestantes empunharam cartazes contra a Vale – Foto: Cíntia Araújo/DeFato Online

Vale apresenta proposta

A partir da mudança no curso d’água, a Vale pretende aumentar a produção de minério de ferro no Complexo de Fazendão, em Mariana, de 17 milhões de toneladas anuais para 25 milhões. Para tanto, seria necessário ainda a ampliação da cava São Luiz e a reativação das cavas Tamanduá e das Almas. Esse ponto gera descontentamento dos manifestantes. Eles querem desmembrar a cava São Luiz das outras duas, pois discordam da reativação das mesmas. No entanto, o projeto da mineradora é justamente interligar as cavas.

Outro ponto de tensão é o desvio do curso d’água. Apesar de a Vale defender que 80% da água captada pela empresa retornará aos leitos e que o beneficiamento do minério será feito com umidade natural, a comunidade tem intensa desconfiança. Tanto que um dos argumentos usados é a dificuldade de abastecimento para a população e ainda o impacto ambiental junto às cachoeiras e outras atrações turísticas da comunidade de Morro da Água Quente a partir da atividade minerária.

“Viemos aqui para dizer não”

Sandra Vita criticou duramente a mineradora – Foto: Cíntia Araújo/DeFato Online

Sandra Vita, moradora do Morro da Água Quente, era uma das líderes dos manifestantes. Segundo ela, a comunidade local tem histórico de doenças respiratórias devido ao trabalho da Vale.

“Viemos aqui dizer não e pedir ao comitê que vote contrário a essa outorga. Somos uma região de galerias que deve ser preservada. Esse projeto é de morte ao Morro da Água Quente. Chegamos lá antes da Vale”, definiu a moradora.

Outros presentes chegaram a questionar inclusive o estudo apresentado pela Vale, afirmando que alguns dados seriam mentirosos. Diante de tantos apontamentos, o secretário municipal de Meio Ambiente de Catas Altas, Reginaldo Sales, fez o pedido de vista, solicitando o desmembramento do projeto São Luiz das demais cavas. O pedido dele foi acompanhado por outros quatro membros do comitê, adiando assim a votação para a próxima semana.

Manifestação anterior

Essa não é a primeira reunião tensa sobre o assunto. Audiência pública para tratar do tema, na comunidade de Morro da Água Quente, em Catas Altas, em meados de dezembro, acabou em tumulto depois que um participante agrediu funcionários da Vale. Os vídeos da ação passaram a circular pelas redes sociais.

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