Alguns itabiranos distorcem informações de reportagem e disseminam fake news

Dados sobre incidência de AVC na cidade são associados equivocamente às vacinas contra Covid-19, gerando a divulgação de informações falsas

Alguns itabiranos distorcem informações de reportagem e disseminam fake news
Foto: Divulgação / Internet
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Na era das notícias em tempo real, veículos de comunicação seguem encontrando um desafio cada vez maior no ofício de informar: a criação de fake news. Em Itabira não é diferente. O portal DeFato, recentemente, divulgou uma entrevista com o neurologista Tiago Alvarenga sobre a incidência de casos de AVC no município. Por meio de comentários no perfil do site no Instagram, alguns leitores itabiranos distorceram as informações fornecidas pelo médico e produziram uma série de notícias falsas ligando a doença às vacinas contra a Covid-19.

Vale lembrar que a entrevista realizada com Tiago Alvarenga foi publicada no site nessa quarta-feira (12). Neurologista no Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD) e Pronto Socorro Municipal, desde 2018, o médico também é professor da Funcesi na área de Neurociência e coordenador do Centro Itabirano de Neurociências.

Durante o bate-papo publicado no site, ele apresenta informações divulgadas pelo Ministério da Saúde sobre doenças como o acidente vascular cerebral (AVC). Além disso, apresenta também as causas do popular derrame e, entre elas, não estão listadas as vacinas contra Covid-19.

“A doença, com certeza, sempre existiu, mas alguns hábitos desses tempos modernos estão tornando maior a incidência do AVC. As causas são diversas, são múltiplas, mas vou tentar resumir. Vou mostrar um dado que vai ajudar na elucidação desse problema. Vou recorrer a um estudo realizado em 32 países, em 2016. Na oportunidade, foi observado que 90% dos AVCs podem ser evitados se forem alteradas dez causas modificáveis. Dentre elas, mencionarei as seguintes: tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, dieta irregular, controle irregular da pressão arterial, controle irregular do diabetes e colesterol alto. Esses são os principais motivos que precisam ser combatidos. Há outras causas raras, mas elas estão na casa de 10%”, disse Tiago Alvarenga na entrevista.

O médico ainda apresenta dados locais importantes, anteriores à pandemia do novo coronavírus.

“Eu tenho aqui alguns dados de Itabira: no período de 2010 a 2019, tivemos uma média 73 óbitos [por AVC], por ano, notificados. A gente sabe que existe uma subnotificação. Numa análise que fiz, no Pronto Socorro Municipal, onde trabalho como neurologista, tivemos uma média de 25 internações mensais por AVC. Vamos ser práticos, mesmo levando-se em consideração os pacientes de planos de saúde, Itabira registra um AVC por dia”, explica.

Fake news disseminada

Em sua maioria, os comentários da entrevista demonstram o desconhecimento do público a respeito do tema abordado pelo médico. Além disso, muitas dessas pessoas atestam em suas publicações que não leram a matéria completa e basearam sua opinião exclusivamente na manchete da reportagem.

Outras pessoas até tentaram alertar para o risco de comentar sem ler a matéria e responderam questionamentos que foram feitos. Ainda assim, algumas pessoas insistiram e criar a falsa relação entre os dados fornecidos pelo médico e as vacinas contra a Covid-19. Veja!

O Centro Itabirano de Neurociência emitiu uma nota de esclarecimento na tentativa combater a disseminação da fake news. “Os dados apresentados na reportagem da Revista Defato foram coletados em junho e julho de 2021 no Pronto Socorro Municipal de Itabira. Não se observou nenhuma alteração na incidência de novos casos de AVC em Itabira relacionados à vacina (o município apresentou dados semelhantes em anos anteriores)”, diz a nota.

Veja na íntegra:

Perigo das fake news

A reprodução de notícias falsas fez dos temas envolvendo a saúde as principais vítimas dos disseminadores de fake news. Nos últimos dois anos, além de gerar uma divisão de pensamentos, esse tipo de postura prejudicou o país – diretamente – no combate à pandemia do novo coronavírus.

Um estudo executado pela Avaaz, virtualmente, com pessoas entre 18 e 65 anos, deu um panorama dos efeitos das notícias falsas. Ao todo, foram entrevistadas 2001 pessoas no Brasil, 2002 na Itália e 2000 nos Estados Unidos. A margem de erro é de 2,2% para cada país.

Nessa pesquisa, a Avaaz selecionou 9 afirmações sobre o coronavírus e as apresentou aos entrevistados, apenas em formato de texto: duas eram afirmações baseadas em informações corretas e sete eram conteúdos falsos desmentidos por verificadores de fatos independentes.

O que se concluiu foi que o Brasil vive o que se chamou de “infodemia”. A Avaaz demonstrou que 94% dos entrevistados viu pelo menos uma afirmação falsa sobre o coronavírus. Cerca de 8 em cada 10 brasileiros viram duas ou mais notícias falsas, e quase 6 em cada 10 viram pelo menos três notícias falsas, com 6% dos brasileiros tendo visto todas as sete notícias falsas apresentadas neste estudo.

Também são os brasileiros os que mais acreditam em conteúdos de desinformação relacionados ao coronavírus: 73% dos entrevistados acredita que ao menos uma informação falsa era verdadeira ou provavelmente verdadeira. Além disso, 46% acredita que sua família e amigos foram vítimas de notícias falsas.

O WhatsApp é a rede social mais utilizada pelos entrevistados (90%), seguido pelo Facebook (83%), YouTube (71%), Instagram (64%) e Twitter (26%). Apenas 1% disse que não utiliza redes sociais. Os brasileiros estão obtendo a maior parte de suas notícias sobre a pandemia através de telejornais (54%).

Porém, WhatsApp e Facebook estão entre as três fontes mais citadas para todas as afirmações falsas apresentadas na pesquisa da Avaaz, com destaque para o WhatsApp, o mais citado em 4 das 7 afirmações. Além disso, 59% dos entrevistados brasileiros viu pelo menos uma das notícias falsas no WhatsApp, e 55%, no Facebook.

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