“As pessoas estão doidas para voltar para casa”, diz Txai Costa, prefeito de Nova Era

Chefe do executivo municipal concedeu entrevista exclusiva à DeFato

“As pessoas estão doidas para voltar para casa”, diz Txai Costa, prefeito de Nova Era
Txai Costa concedeu entrevista à DeFato Online. Foto: Reprodução/Redes sociais

Nesta terça-feira (11), o prefeito de Nova Era, Txai Costa (Rede), concedeu uma entrevista exclusiva ao Portal DeFato. O desafio do jovem líder do executivo municipal nova-erense não é nada fácil. A cidade tem sido uma das mais afetadas pelas chuvas na região, e a situação ficou ainda mais grave desde o sábado, quando o Rio Piracicaba atingiu sua cota de inundação.

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Txai é filiado ao Rede e foi eleito prefeito de Nova Era em 2020. Foto: Arquivo DeFato

Além de revelar que a Prefeitura pretende construir uma nova ponte (você pode ler mais sobre o tema clicando aqui), em substituição à que foi derrubada pela chuva no último domingo, Txai deu detalhes sobre o atual panorama do município e elencou o que tem sido feito pela gestão municipal. Em um momento no qual São Pedro deu uma certa trégua, Nova Era já pensa em se reerguer do caos.

“Estamos acompanhando (a situação de momento) aqui, o rio teve uma queda de um metro. Algumas pessoas já estão limpando as suas casas. Apesar da gente ainda estar fazendo algumas ações de salvamento – se não me engano ainda faltam duas pessoas que não quiseram sair para fazermos o resgate – realizamos uma reunião no gabinete da Defesa Civil para iniciarmos a última fase do nosso plano de emergência, que é a fase de limpeza e reconstrução da cidade”, explica.

Segundo Txai, o relatório final, com todos os dados referentes aos estragos climáticos, já está sendo finalizado. A Defesa Civil do município estima que cerca de 2000 pessoas foram atingidas, das quais 440 estão em abrigos da Prefeitura, onde são fornecidos café da manhã, almoço e janta. Os números seriam importantes, também, para a implantação de ações sociais após esse período de chuvas.

“Estamos concluindo os relatórios, com os dados oficiais, com todo mundo que foi atingido, o que cada um perdeu, para depois fazermos o levantamento de necessidades ou não. E até para criar os benefícios sociais, como isenção de (conta de) água. É uma possibilidade que queremos trabalhar, mas aí vai depender também desse relatório da assistência social”, diz o prefeito de Nova Era.

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O campo do Comercial, no bairro Sagrada Família, ficou completamente debaixo d’água. Foto: Internauta via whatsapp

Resistência em sair

Uma das maiores preocupações em Nova Era é a população ribeirinha, cujas residências são localizadas em locais arriscados. Para realizar o resgate desse grupo, a Prefeitura tem contado com o apoio do Gave (Grupo de Atendimento Voluntário de Emergências), de bombeiros civis de João Monlevade, da Polícia Ambiental e do Corpo de Bombeiros de Itabira.

De acordo com Txai, algumas pessoas ainda se negam a entender os riscos e resistem em deixar as suas casas. “Nossa cota de alerta é de 3,5 m, ou seja, quando atinge 3,5m, já há um sistema pronto. Sai carro de som, caminhões da Prefeitura são deslocados para os pontos mais baixos para ajudar na mudança do pessoal, dos móveis. Tudo isso foi feito na quinta e sexta-feira passada. Mesmo assim, houve algumas pessoas mais resistentes, que não acreditam muito que o pior pode acontecer. Algumas delas, naquele primeiro momento, ficaram ilhadas. Nessa situação, nós já fizemos 25 resgates”.

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A Avenida Dr. José Moreira também foi tomada pela enchente. Foto: Internauta via whatsapp

Esforço conjunto

E para superar aquela que tem sido considerada por muitos nova-erenses como a pior enchente da cidade desde 1979, ano em que as águas também invadiram as ruas, o líder do executivo incentiva a população a continuar ajudando. “(Cabe à população) Continuar com a solidariedade, agora é hora de um trabalho muito grande. As pessoas que estão nos abrigos estão doidas para voltar para casa. Então, apesar de todo mundo da cidade estar cansado, porque estão todos ajudando muito, a gente precisa continuar nesse trabalho pesado, de solidariedade, dando a mão aos nova-erenses que agora já estão pensando em retornar às suas casas, reconstruir”.

No entanto, Txai faz uma ponderação. “E também ajudar com as doações nos pontos oficiais da Prefeitura. Nesse momento tem muita gente querendo ajudar e isso é ótimo, mas se não fizermos de forma organizada, uma família pode receber dois kits e outra ficar sem, pode ter excesso de um tipo de material e faltar outro. Então pedimos às ações, às igrejas, entidades que estão fazendo recolhimento de doação, para evitarem entregar diretamente ao usuário final, e passar esses materiais para o Cras e a PM. São os dois locais oficiais de doação, onde há o cadastro do que cada uma (família) precisa. Lá conseguimos aumentar a eficiência da doação e boa vontade das pessoas da cidade”, salienta.

Foto: Prefeitura de Nova Era/Divulgação

E o que cabe ao poder público para que as cenas não se repitam nos próximos anos? “Para evitar enchentes, é um trabalho de longo prazo, de 50 a 100 anos. Infelizmente estamos colhendo as consequências das nossas ações recentes, então o que a gente pode fazer a curto e médio prazo é o que fizemos neste ano. Criar o plano de emergência, a Defesa Civil bem articulada, monitorar o rio constantemente, para ajudarmos a diminuir os danos como foi feito agora. Mas para o futuro, para tentarmos diminuir esses desastres ambientais, não depende apenas de Nova Era”, responde Txai.

“Já temos para começar em 2022, já compramos material junto com o Comitê de Bacia e Médio Piracicaba, o Rio Vivo. Vamos cercar todas as nascentes da nossa bacia, do principal córrego que abastece o município. E também estamos criando na reserva ambiental o sítio natural, que foi tombado em dezembro do ano passado, que é o sítio natural da Lagoa São José. Será uma área de preservação e educação ambiental”, completa.