Brasil supera pela primeira vez os 4 mil mortos por Covid-19 em 24h
Após quase um mês de medidas restritivas, o Brasil vê a pandemia avançar e piorar sem dar tréguas às cidades e municípios
O Brasil registrou mais uma marca negativa relacionada à pandemia do novo coronavírus. Nesta terça-feira (6), o país contabilizou 4.211 mortos pela Covid-19 em apenas um dia — é a primeira vez supera os quatro mil óbitos em 24h desde o início da crise sanitária.
Após quase um mês de medidas restritivas, o Brasil vê a pandemia avançar e piorar sem dar tréguas às cidades e municípios, que enfrentam situações complicadas em seus sistemas de saúde. E o cenário não deve melhorar nas próximas semanas, já que especialistas acreditam que o país pode chegar a 5 mil vítimas diárias.
Na contramão, outros países que tiveram número alto de óbitos — como Estados Unidos e Reino Unido — têm apresentado tendência de redução nos registros. Isso pode ser explicado devido ao processo de vacinação mais ágil do que o encontrado no Brasil.
Apenas em março, a média de mortes diárias pelo coronavírus no país ficou em 2.147, transformando este no pior mês de toda a pandemia no Brasil, segundo dados do consórcio de imprensa, formado por Estadão, Folha, G1, O Globo, Extra e Uol — a média dos últimos sete dias está em 2.775.
Em contrapartida, a média dos Estados Unidos, que concentra a maior parte de vítimas da Covid-19, ficou em 1.223 no mesmo período. Grande parte dos especialistas defende lockdown para conter o avanço do contágio, mas a restrição mais severa só foi adotada por algumas cidades, como Araraquara, que viu redução significativa de doentes e mortes.
Domingos Alves, epidemiologista da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, prevê que ainda neste mês a situação se agrave, com expectativa de atingirmos um patamar de 100 mil infecções diárias. Os efeitos desses casos na quantidade de internações e óbitos ainda leva semanas para aparecer, por causa do perfil de evolução da doença. Em vários estados, os sistemas de saúde chegaram ao colapso e há mortes de pacientes na fila de espera por leito.
O País tem registrado mais de 60 mil novos diagnósticos diários há 32 dias, maior patamar de toda a pandemia. Ao longo de março, foram mais de 2,2 milhões de pessoas que receberam a confirmação da Covid, 63% a mais do que em fevereiro.
A média diária passou de 56 mil casos em 1º de março para 75 mil no último dia do mês, alta de 34%. Apenas nos últimos dias que essa média tem apresentado queda, com o feriado da Páscoa, o que leva ao represamento de registros. Além disso, o País tem um sistema falho de testagem, o que eleva o risco de subnotificação e dificulta o controle sobre o avanço da transmissão.
Segundo Alves, a média móvel ainda deve chegar a 4,5 mil ou 5 mil mortes. O professor aponta que a disparidade no avanço da pandemia entre o Brasil e outros países se dá por uma série de fatores que vão desde estratégias de vacinação até medidas efetivas de restrição, como o lockdown.
Com o novo recorde, o Brasil chegou ao total de 337.364 mortes pelo coronavírus desde o início da pandemia, e outros 13.106.058 testes positivos em todo o país, dos quais 82.869 foram registrados entre esta segunda-feira (5) e esta terça-feira (6).
Vacinação
A quantidade de pessoas vacinadas contra a Covid-19 com ao menos a primeira dose no Brasil chegou a 20.828.398 nesta terça-feira. O número representa 9,84% do total da população brasileira. Nas últimas 24 horas, 805.266 pessoas receberam a primeira dose.
Entre os 20,8 milhões, 5.881.392 pessoas receberam a segunda dose, o que representa 2,78% da população com a imunização completa. Nas últimas 24h, 285.463 pessoas receberam essa dose de reforço. Somadas as primeiras e segundas doses, o Brasil aplicou no último dia 1.090.729 doses, segundo dados fornecidos por 25 estados.