Setores lucrativos comprovam que as finanças climáticas são mais do que uma tendência passageira

A agenda ambiental tem ganhado relevância no setor financeiro, com o crescimento de fundos de investimento temáticos e outros

Setores lucrativos comprovam que as finanças climáticas são mais do que uma tendência passageira
Foto: @micheile/Unsplash

O aumento de eventos climáticos extremos tem impulsionado o crescimento das finanças como uma forma de mitigar os impactos das mudanças no clima e garantir um futuro mais sustentável. A agenda ambiental tem ganhado relevância no setor financeiro, com o crescimento de fundos de investimento temáticos, comercialização de créditos de carbono e produtos voltados para a mitigação dos danos ambientais.

Embora o conceito de ESG (Ambiental, Social e Governança) tenha sido debatido com frequência nas últimas décadas, especialmente no contexto da pandemia, a pauta climática agora enfrenta novos desafios. A recente oposição de figuras como Donald Trump às iniciativas ESG e a retirada de algumas gestoras de Wall Street de projetos como o Net Zero Asset Managers (Nzami) indicam um cenário de incerteza. Contudo, especialistas afirmam que o tema continua em ascensão, longe de ser uma simples “modinha”.

Maria Eugênia Buosi, sócia de ESG para serviços financeiros da KPMG no Brasil, explica que a crise pode temporariamente esfriar o movimento, mas a tendência é que ele se fortaleça com o tempo. Ela destaca a importância do setor financeiro, afirmando que a falta de ação sobre as mudanças climáticas trará custos cada vez mais elevados.

Um estudo recente da KPMG revela que, enquanto países em desenvolvimento solicitam US$ 1,3 trilhão (cerca de R$ 7,93 trilhões) até 2035 para enfrentar as mudanças climáticas, os países desenvolvidos prometeram apenas US$ 300 bilhões, gerando um grande déficit no financiamento climático. Esse cenário oferece chances para que investidores realizem negócios sustentáveis sem comprometer o retorno financeiro.

Além dos já conhecidos “green bonds”, que cresceram substancialmente nos últimos anos, o mercado de finanças sustentáveis apresenta alternativas de lucro. Para cada US$ 1 investido em projetos ecológicos, estima-se um retorno de US$ 12, ou cerca de R$ 73,32. Embora o Brasil tenha avançado nesse campo, ainda há muito a ser feito, especialmente em setores como agricultura, infraestrutura e moradias ecológicas.

Setores promissores para investimentos sustentáveis

De acordo com a KPMG, existem quatro áreas de grande potencial para investimentos climáticos, tanto no Brasil quanto globalmente. Entre elas, destaca-se a infraestrutura, que pode se tornar um mercado global de US$ 1,8 trilhão até 2030, segundo o Fórum Econômico Mundial. A transformação da construção civil para práticas mais ecológicas, como o uso de energias renováveis e a melhoria da eficiência energética, é uma das grandes oportunidades desse setor.

A infraestrutura também envolve a gestão de recursos hídricos, incluindo tratamento de água, esgoto e dessalinização. Casos de sucesso, como o financiamento de turbinas eólicas no Reino Unido e projetos de dessalinização no Chile, mostram o potencial de investimentos sustentáveis no setor.

No Brasil, há um grande espaço para o desenvolvimento de soluções verdes, especialmente no setor de transportes, com a eletrificação de veículos, caminhões e ônibus. A construção civil também é um campo promissor, com oportunidades em projetos de grande porte, como pontes e outras infraestruturas.

Embora o envolvimento do setor financeiro com as questões climáticas ainda não tenha atingido seu potencial máximo, a tendência é que as finanças sustentáveis se tornem cada vez mais centrais na economia global. O movimento está em expansão, com investidores e bancos se adaptando para incorporar práticas ambientais em suas operações, proporcionando tanto benefícios financeiros quanto ecológicos para o futuro.

Fonte: Forbes-Money

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