Convivendo com a mobilidade reduzida: um papo com Juliana Ferreira

Juliana utiliza as redes sociais para divulgar o seu processo de recuperação e se conectar com outros “sobreviventes”

Convivendo com a mobilidade reduzida: um papo com Juliana Ferreira
A Itabirana Juliana Ferreira. Foto: Mariana Ribeiro/DeFato Online

Juliana Ferreira escolheu o centro histórico de Itabira para o cenário da entrevista. A escolha do figurino também foi importante: confortável o suficiente para que pudesse se sentir ela mesma. Já que o bar ao lado estava fechado, conta a sua história na sombra de uma árvore.

O caso de Juliana soa inusitado em um primeiro momento. Como uma mulher tão jovem pode sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC)? Lembrar dos riscos pelo uso de anticoncepcionais torna o fato mais palpável.

Foi em 2021 que a mulher de 34 anos acordou com a metade esquerda do corpo adormecido. Após as investigações, o médico constatou que a causa do AVC teria sido o uso de anticoncepcional: “Por eliminação, ficou sendo o vilão da história, porque não tinham outros fatores de risco”, conta Juliana.

Foto: Mariana Ribeiro/DeFato Online

Enfrentar um ambiente hospitalar em plena pandemia de Covid-19 foi somente o primeiro desafio de Juliana: a partir daquele momento, precisaria se adaptar à realidade de uma pessoa com mobilidade reduzida. 

No início, Juliana utilizou uma cadeira de rodas para se locomover. Após três anos de fisioterapia, recuperou alguns movimentos da perna e, hoje, caminha com o auxílio de uma muleta. Frequentemente, encontra impedimentos nas ruas de Itabira: “Andar a pé é muito difícil, porque a topografia da cidade não ajuda. É muito morro, isso dificulta muito e o acesso aos lugares tem muitos degraus”, expõe.

Com o tempo, passou a utilizar as redes sociais para divulgar o seu processo de recuperação e se conectar com outros “sobreviventes” – como as pessoas que passaram por um AVC costumam se chamar. “Eu posto muito no Instagram a respeito, porque foi uma forma de me ajudar a entender o que estava acontecendo e o que fazer para poder sair disso. E, através das redes sociais, eu conheci outras pessoas que viveram e que vivem a mesma coisa”, conta Juliana, que encontrou muitas mulheres vivendo a mesma experiência.

Hoje, conviver com a mobilidade reduzida se tornou mais leve. Juliana procura escolher lugares acessíveis para sair com suas amigas e tomar uma boa cerveja. Com um sorriso no rosto e várias histórias pra contar, não deixa de fazer o que gosta e estar com quem deseja. Talvez, a única coisa que a impeça seja mesmo o horário do bar. 

Foto: Mariana Ribeiro/DeFato Online