Em meio ao coronavírus, repúblicas de Ouro Preto procuram saídas para não falirem

Prefeitura manifesta que não foi procurada por nenhuma república para eventuais providências

Em meio ao coronavírus, repúblicas de Ouro Preto procuram saídas para não falirem

A pandemia do novo coronavírus vem causando estragos, também, em Ouro Preto. Além de ser uma cidade histórica, turística e visitada por diversas pessoas, quase 20 mil estudantes moram em terras ouro-pretanas. Aí surgem as famosas repúblicas, onde estudantes se juntam para morar e dividir as contas da residência, tendo em visto o custo benefício.

Todavia, a Covid vem acabando com muitas dessas “famílias” construídas por mais de décadas. O aluguel das casas particulares está sendo cobrado, entretanto, os estudantes não estão na residência (pois não estão tendo aulas presenciais). Muitos optam por deixarem os lares para pouparem o dinheiro em meio a uma das maiores crises dos últimos tempos no país.

Vale ressaltar que na cidade existem repúblicas federais e particulares. As federais são moradias da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), logo, os moradores conseguem uma escapatória no quesito gastos com a moradia. Já as particulares são as que mais sofrem neste momento, pois são arcadas 100% pelos estudantes.

Como que faz?

A monlevadense Juliana Abreu mora há mais de três anos na cidade e faz parte da república Rosa Xoque. Ela relata que a cada dia que passa está mais difícil fechar as contas do mês.

“O nosso aluguel é R$3200,00. A situação na cidade é difícil manter para morar sozinha, por isso optamos por república. É uma cidade histórica, por isso a explicação do alto preço. Aqui em casa estamos nos virando como podemos. Tivemos que fazer cortes urgentes, como SKY, entre outras coisas. Conseguimos manter metade do pagamento da faxineira, mesmo sem ela vir limpar a casa, é uma forma de ajudarmos também”, enfatiza Juliana.

Todas as estudantes que já moraram na república Rosa Xoque

A estudante relata que algumas repúblicas já acabaram.

“Não estão entrando calouros, não temos aula em Ouro Preto. Está difícil pagar o aluguel, as contas, tudo que gira em torno de uma moradia. Além disso, não tem como as repúblicas fazerem festas neste período, claro. Mas é algo cultural que atrai muitas pessoas e sempre entrava no caixa para pagarmos as contas mensais”, descreve.

Criatividade e qualidade

Nossa equipe entrou em contato com Igor Nogueira, que é morador da república Reino de Baco, um dos responsáveis pela criação do Baco’s Burguer, um delivery de hambúrguer artesanal que surgiu em meio à Covid. Felizmente os moradores da república conseguiram sucesso com o novo desafio e estabeleceram a fonte de renda, mas poderia ter sido diferente, como em outras casas.

“A confeccção de hambúrgueres começou como hobby na república e se tornou um trabalho muito sério para nós. Com o cancelamento das aulas presenciais e seguindo a quarenta à risca, percebemos que teríamos tempo para viabilizar nosso negócio. Entre erros e acertos fomos ganhando experiência e nosso espaço na cidade”, diz Igor.

Igor e seus companheiros em meio ao expediente de produção dos hambúrgueres

Além do amor pelo hambúrguer bem feito, Igor ressalta que com a pandemia a tendência do atendimento via delivery se tornou uma necessidade real.

“Abraçamos a oportunidade e tivemos a ideia de criar a Baco’s Burguer. O nome e a logomarca da hamburgueria foram inspirados em nossa casa, a república Reino de Baco. Isso aumentou a visibilidade a nossa casa, podendo até mesmo ser um atrativo para futuros novos moradores. Atualmente conseguimos contribuir no meio republicano encorajando o empreendedorismo, contratando funcionários/estudantes que necessitam de uma renda extra para morar em Ouro Preto”, finaliza o jovem empreendedor.

A saída de muitas

O que muitas repúblicas particulares de Ouro Preto estão fazendo para driblar a crise é juntarem-se para guardar os móveis em locais alugados. Funciona desta maneira: os estudantes pegam os pertences, alugam um cômodo de uma casa de um morador da cidade e pagam mensalmente pelo espaço alugado.

Falta diálogo

A Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Ouro Preto respondeu em nota ao Portal DeFato: “ainda reiteramos que não chegou à Prefeitura nenhum pedido de apoio por parte das repúblicas, mas estamos sempre abertos ao diálogo”, finaliza.

Ademais, o Executivo de Ouro Preto reiterou que as repúblicas federais e particulares são vinculadas à Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).

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