“Um de nós terá que morrer para criarem esse conselho?”, protesta líder LGBT de Itabira

Gercimar Almeida usou a tribuna para cobrar vereadores sobre trâmite de projeto de lei

“Um de nós terá que morrer para criarem esse conselho?”, protesta líder LGBT de Itabira
Foto: Victor Eduardo/DeFato Online

No dia do orgulho LGBTQIAP+, celebrado nesta terça-feira (28), um dos principais nomes do movimento em Itabira, Gercimar Almeida, usou a tribuna da Câmara para cobrar os vereadores sobre o trâmite do projeto de lei nº 10/2022. A proposta, encaminhada pelo Executivo à Casa em março deste ano, institui a criação de um conselho LGBTQIA+ no município. Até aqui, ele sequer foi discutido.

Gercimar usou a tribuna para falar aos vereadores na reunião desta terça-feira. Foto: Victor Eduardo/DeFato Online

Além do PL engavetado, Gercimar também citou os protestos de parte dos itabiranos contra a nomeação da atual secretária de educação, Laura Souza, e o show, posteriormente cancelado por incompatibilidade de agendas, do cantor pernambucano Johnny Hooker. Segundo o ativista, ambos os casos foram marcados pela homofobia. Ao fim da leitura do texto, apenas dois vereadores manifestaram apoio ao itabirano: Carlos Henrique (PDT) e Bernardo Rosa (Avante).

Má vontade?

À DeFato, Gercimar ressaltou que a discussão já passou para o cenário político. Ele pontua que está à disposição dos vereadores para maiores esclarecimentos, mas lamenta a falta de andamento do projeto.

“O cenário já passou para o cenário político. Porque tem um projeto na Casa há quase seis meses que sequer foi para discussão ainda, é uma questão política. Já vim várias vezes na reunião de comissões solicitar que entre em discussão, falei com todos os vereadores que podem me chamar em caso de dúvidas. Quase todos eles têm meu telefone, e o projeto fica parado”, inicia.

Questionado se há má vontade da Câmara em analisar e votar a pauta, Gercimar afirmou que há dois legisladores itabiranos “barrando” o texto, mas evitou citar nomes. “Não é má vontade. Hoje a gente já sabe que tem dois vereadores que são contra, não posso falar nomes, mas dá para perceber. Eu acredito que são eles que estão barrando”, acrescenta.

Resistência religiosa

Parte significativa dos críticos ao projeto são os grupos religiosos. Sobre isso, o líder ativista ressaltou que também lida com diferentes crenças, o que não é um empecilho na discussão.

“Eu sou um homem gay e frequento a igreja católica, evangélica. Frequento minha religião que é a umbanda. Nós estamos aqui cobrando uma política do município. Será que um de nós terá que morrer para criarem esse conselho?”, protesta.

“Esse projeto não tem nenhum artigo que vai ferir outra pessoa ou outro grupo. O único artigo que a gente colocou é para que o município proíba ataques homofóbicos. Eles existem na cidade, só não constam em boletins de ocorrência. Não é nem proibir, é fazer uma campanha de prevenção a ataques homofóbicos.”

Por fim, Gercimar promete que ele e outros manifestantes seguirão cobrando os vereadores. “A Associação LGBT de Minas Gerais já entrou em contato comigo. Já expus (a situação) para a mesa diretiva do colegiado Fórum Minas Aids LGBT, do qual faço parte. E nós vamos pressionar a Câmara Municipal”, finaliza.

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