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Varal com roupas ensanguentadas marca luta pelo fim da violência contra a mulher

Varal com roupas ensanguentadas marca luta pelo fim da violência contra a mulher

Foto: Tatiana Linhares / DeFato

Quem passou pelo Centro de Itabira, nessa segunda-feira (8), se deparou com um varal montado numa das esquinas mais movimentadas da Avenida João Pinheiro. Nele, peças de roupas femininas, manchadas de sangue, chamavam a atenção. O “Varal da Vergonha” faz parte do ato “Em luto e pela luta! Todos no enfrentamento à violência contra as mulheres”, promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), subseção Itabira.

A ação tem a intenção de lembrar as violências e abusos físicos sofridos pelas mulheres, bem como alertar para a necessidade de prevenir e eliminar as agressões. Além disso, ele também marca os 16 anos da criação da Lei Maria da Penha, celebrados no último domingo (7).

“Essa é uma luta que jamais deve parar. Infelizmente, a gente ainda tem muito o que fazer. Essas ações ajudam a conscientizar a população de uma maneira geral, porque a legislação a gente já tem, mas ainda precisa haver uma mudança cultural, dia a dia”, destaca Patrícia de Freitas, presidente da OAB Itabira.

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Ativista na causa, a advogada criminalista Juliana Drummond relembra que o 16º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em janeiro de 2022, coloca Minas Gerais no topo do ranking nacional de feminicídios. Em 2021, ano base do documento, foram registrados 154 casos em todo o estado.

“É chocante porque temos uma escalada de violência que é: psicológica, moral, patrimonial – que é pouco falada -, e depois chegamos na agressão física e sexual. Quando as mulheres exercem a sua vontade de terminar o relacionamento, os homens as matam. Olha a gravidade disso, quando a mulher exerce sua liberdade e autonomia. A gente tem que chocar mesmo, senão as cosias não mudam. Atualmente, temos mecanismos para combater a violência, mas precisamos dessa mobilização para as mulheres saberem de seus direitos e os homens entenderem que é errado esse tipo de atitude”, frisa.

Juliana salienta que, em Itabira, é desenvolvida uma série de ações no sentido de acolher, orientar e prevenir. “Há uma rede de apoio que conta com a Delegacia de Mulheres e o Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CREAM). Bem como o projeto ‘Itabira por Eles’, que é um grupo reflexivo de conscientização dos homens agressores. O trabalho é multissetorial”.

Conscientização de todos

Ao longo de toda a manhã de hoje (8), vários integrantes da OAB Itabira estiveram no local do ato para conversar com as pessoas, distribuir folhetos e chamar atenção para a luta pelo fim da violência contra a mulher. “Precisamos conscientizar a população de que a agressão é inadmissível. E de que os homens também tem que participar e condenar ações que visam ou incentivam qualquer tipo de agressão contra a mulher”, frisa Patrícia de Freitas.

A presidente da subseção local da OAB também lembrou que a Ordem, em Minas Gerais, lançou a campanha da Advocacia sem Assédio. “Essa é uma questão que não é de uma classe específica. Queremos mostrar que nós não podemos compactuar com a violência de forma alguma”, pontua.

Juliana Drummond explica que o trabalho realizado pelos advogados itabiranos também é feito junto a pessoas que são atingidas indiretamente quando os crimes acontecem. “Fazemos palestras na escolas para conscientizar desde muito cedo, já que a violência doméstica impacta a toda uma sociedade. Temos uma gama muito grande de mulheres e seus filhos sendo vítimas, além de parentes e vizinhos que não sabem como agir para salvá-los”.

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