Vaza suposto áudio de André Janones cobrando “rachadinha”
A prática configura crime de enriquecimento ilícito e dano ao patrimônio público
Circula nas redes sociais um suposto áudio do deputado federal mineiro André Janones (Avante) cobrando dos assessores do seu gabinete parte dos salários para que ele pagasse despesas pessoais. A prática, conhecida nos meios políticos como “rachadinha”, configura crime de enriquecimento ilícito e dano ao patrimônio público.
A informação foi dada pelo colunista Paulo Capelli, do portal Metrópoles, e ocorreu em 2019. O conteúdo teria sido gravado por seu ex-assessor, Cefaz Luiz.
No diálogo, Janones revela que pretendia usar o dinheiro transferido por seus assessores em “casa, carro, poupança e previdência”.
No áudio, que se supõe ser do deputado, Janones reclama que perdeu patrimônio na eleição de 2016, quando se candidatou à prefeitura de sua cidade, Ituiutaba, e que seria injusto arcar com o prejuízo sozinho: “Algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou de mina campanha de prefeito. Porque eu perdi R$ 675 mil na campanha. ‘Ah, isso é devolver salário e você tá chamando de outro nome’. Não é. Porque eu devolver salário, você manda na minha conta e eu faço o que quiser”.
Janones relata suas perdas: “O meu patrimônio foi dilapidado. Eu perdi uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma Previdência de R$ 70 mil. Eu acho justo que essas pessoas também participem comigo da reconstrução disso. Então, não considero isso uma corrupção”.
O deputado detalha como seria o esquema aos seus assessores: “por exemplo, o Mário vai ganhar R$ 10 mil por mês. Eu vou ganhar R$ 25 mil líquido. Só que o Mário, os R$ 10 mil é dele líquido. E eu, dos R$ 25 mil, R$ 15 mil eu vou usar para as dívidas que ficou (sic) de 2016. Não é justo, entendeu?”.
Ao fim da conversa, Janones declara que não teria problema nenhum em ser denunciado pelo esquema: “e se eu tiver que ser colocado contra a parede, eu não tô fazendo nenhuma questão desse mandato. Para mim, renunciar hoje seria uma coisa tão natural. Se amanhã vier uma decisão da Justiça: ‘o André perdeu o mandato’, você sabe o que é eu não me entristecer nem um milímetro”.
Janones soltou nota a respeito negando a prática de “rachadinha” e afirmou que o conteúdo foi manipulado e está fora do contexto. Confira na íntegra:
“Primeiro de tudo, eu quero dizer a vocês que eu estou quebrando a minha regra de não responder às fake news, como ensino no meu livro ‘Janonismo Cultural’ a não responder, por uma razão clara: RESPEITO a vocês. Hoje saiu uma matéria, que está sendo espalhada pela extrema-direita, que me acusa de rachadinha, coisa que eu nunca fiz. Pra isso eles usaram uma gravação clandestina e criminosa, um áudio retirado de contexto para tentar me imputar um crime que jamais cometi.
Aproveito para solicitar que o conteúdo criminosamente gravado seja disponibilizado na íntegra e não edições manipuladas, postada quase simultaneamente por todas as lideranças da extrema-direita.
É a segunda vez que trazem esse assunto para tentar me ligar a crimes. Em 2022 já fizeram isso durante a campanha, também com áudios fora do contexto. Essas denúncias vazias nunca se toranaram uma ação penal ou qualquer outro processo, por não haver materialidade. Não são verdade, e sim escândalos fabricados.
No mais, repito, eu NUNCA recebi um único real de assessor, não comprei mansões, não enriqueci, e isso por uma simples razão, EU NUNCA fiz ‘rachadinha'”.
Esta é a segunda vez que Janones tem as conversas vazadas. Em outubro, outra gravação foi atribuída a ele, mostrando o deputado irritado com sua equipe, chamando-a de “vermes, burros e incompetentes”. Na oportunidade, ele acusa o primo, Mac Janones, de querer vencer a eleição para prefeito de Ituiutaba, “para roubar milhões em propina”.
A gravação teria sido feita em sua cidade natal e os áudios foram divulgados pelo portal Metrópoles e o mesmo colunista. Janones afirmou que os áudios vazados eram de 2018, mas não negou a autoria.