Volatilidade

O combate à inflação em nível global está turbinando os juros, derrubando as bolsas e puxando o dólar

Volatilidade
Foto: Reprodução/Internet

A resiliência inflacionária, em nível global, tendo como pano de fundo um confronto bélico sem perspectiva para terminar, e, um mundo sofrendo com uma recuperação desordenada da pandemia que teima em não passar, tem tirado o sono do investidor global e colocado na mesa como prato principal do menu dos mercados a volatilidade. Isso mesmo, as oscilações de preços que trazem insegurança na realização de negócios e deixam um rastro forte de perdas diante da possibilidade de uma recessão global.

Nessa semana mais curta, com feriado no Brasil, o FOMC, Comitê de Política Monetária do Banco Central Americano, elevou os juros acima do previsto, em 0,75 ponto percentual, a maior elevação dos últimos 27 anos para conter a maior inflação dos últimos 41 anos. O CPI, Consumer Price Index, que mede a inflação ao consumidor nos EUA, subiu 1% em maio se comparado com abril e a inflação anualizada chegou a 8,6% a.a.

Diante da maior agressividade do Comitê de Política Monetária americano na elevação dos juros e na sinalização de que outra alta da mesma magnitude pode ocorrer em julho, os mercados entraram em pânico. Em um primeiro momento a reação foi positiva, com as bolsas interrompendo na quarta feira, uma sequência de várias quedas consecutivas (no Brasil foram 8 pregões consecutivos em baixa) e parecia que os investidores tentavam mostrar confiança no controle futuro da inflação, mas foi apenas um dia de correção técnica das perdas acumuladas.

Na quinta-feira (16), feriado no Brasil, o clima ficou tenso novamente e as bolsas desabaram, de novo. Na outra ponta, a aversão ao risco turbinou o dólar que nessa semana apresentou uma valorização de 3% enquanto a B3 caiu 5%.

Resumo da ópera: o combate à inflação em nível global está turbinando os juros, derrubando as bolsas e puxando o dólar. Aqui no Brasil, como previsto, o Comitê de Política Monetária subiu a Selic em 0,5 ponto percentual, passando a taxa básica de juros de 12,75% a.a. para 13,25%a.a. , a décima primeira alta consecutiva, e, ao contrário da maioria dos países desenvolvidos, o nosso processo de aperto monetário está chegando ao fim , mas a taxa Selic final que deve chegar a 13,75%a.a. em julho , deve permanecer alta por um bom tempo para que o Banco Central consiga terminar o ano com uma inflação em torno de 8% ,e, consiga trazer a inflação de 2023 para perto do teto da meta que é de 4,75%.

Em paralelo, governo e congresso tentam aprovar a PEC dos combustíveis na tentativa de aliviar um pouco a carga tributária em cima do preço final dos combustíveis, em especial, do diesel e do gás de cozinha, e, consequentemente trazer um certo alívio para a própria inflação de 2022.

Uma coisa é certa, o destino da economia global nunca esteve tão incerto.

Rita Mundim é economista, mestre em Administração e especialista em Mercado de Capitais e em Ciências Contábeis

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