Há 17 anos, Cruzeiro conquistava a tríplice coroa
Relembre este que é um dos maiores esquadrões brasileiros de todos os tempos
Em um dia importante da sua história recente, com a eleição do conselho deliberativo marcada para esta noite, o Cruzeiro celebra outra data especial nesta segunda-feira (30). Há exatos 17 anos, a Raposa concretizava a conquista da tríplice coroa. A confirmação veio em uma vitória sobre o Paysandu, no Mineirão, por 2 a 1. Com o triunfo, o clube conquistou seu terceiro título em 2003: o Campeonato Mineiro, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro.
Tratado por muitos como o melhor time brasileiro do século XXI, o elenco começou a ser montado no ano anterior. Jogadores como Luisão, Gomes, Maicon e Wendell já vestiam a camisa cruzeirense em 2002 e participaram das conquistas da Copa Sul-Minas e do Supercampeonato Mineiro. No entanto, o clube, à época presidido pelos irmãos Perrella, reforçou ainda mais o elenco e trouxe peças importantes. Martinez, Maurinho, Zinho, Deivid e, claro, o craque Alex foram algumas das contratações que elevaram o patamar do time.
E o grupo, que ficou ainda mais redondinho, era comandado por Vanderlei Luxemburgo. Vivendo seu ápice como treinador, o “profexô” participou ativamente da montagem do elenco. Essa mescla de atletas promissores e experientes com um técnico já vitorioso foi fundamental para construir um dos maiores esquadrões do futebol brasileiro.
Campeonato Mineiro
O Campeonato Estadual já foi uma amostra do que aquele time seria capaz. Campeão invicto, o Cruzeiro sobrou na competição, disputada, à época, em pontos corridos. Em 12 jogos, foram 10 vitórias e dois empates, incluindo o triunfo categórico sobre o maior rival, Atlético, por 4 a 2. Ademais, a equipe de Luxemburgo ainda teve o melhor ataque da disputa (35 gols) e a melhor defesa (7 gols sofridos). O título antecipado veio após a vitória sobre a URT, fora de casa, por 4 a 0.
Àquela altura, o elenco ainda contava com jogadores que não seriam utilizados durante o ano, como Paulo Miranda, Marcelo Batatais, Jorge Wagner e Jussiê. Uma curiosidade fica por conta da última rodada, quando o Cruzeiro bateu o Tupi, no Mineirão, também por 4 a 0. Naquela partida, Alex usou a camisa 14, ao invés da 10. Era uma alusão ao fato do Cruzeiro, pelo 14º ano consecutivo, conquistar, pelo menos, um título por temporada.
Copa do Brasil
Recordista de títulos da Copa do Brasil, o Cruzeiro levantou esse mesmo caneco em 2003. Assim como no estadual, o título foi vencido de maneira invicta. Rio Branco-ES, Corinthians de Caicó, Vila Nova-GO, Vasco, Goiás e Flamengo foram as vítimas daquele timaço. Já com uma espinha dorsal muito próxima à que seria campeã brasileira cinco meses depois, a Raposa venceu o rubro-negro carioca de maneira incontestável na final.
Disputado no Maracanã, o primeiro jogo terminou em 1 a 1, com direito a um gol espetacular de Alex, de letra, e o empate flamenguista no último lance da partida. No jogo de volta, não teve jeito. O Cruzeiro mostrou quem era o melhor time e garantiu o título com, praticamente, 28 minutos de jogo. Deivid, Aristizabal e Luisão, todos de cabeça e com assistência de Alex, marcaram os gols do título. O Flamengo até diminuiu no segundo tempo, com Fernando Baiano, mas nada que ameaçasse o quarto título de Copa do Brasil cruzeirense.
Campeonato Brasileiro
Em 1966, o Cruzeiro venceu o Santos de Pelé por 6 a 2 e se sagrou campeão da Taça Brasil. Embora fosse o maior torneio nacional da época, o título levou décadas até ser considerado equivalente ao Campeonato Brasileiro. Por isso, em 2003 o torcedor cruzeirense, que já havia conquistado quase tudo nas décadas passadas, ainda sentia a angústia de não poder se reconhecer campeão brasileiro.
Mas a espera finalmente acabou em 2003. Com uma campanha avassaladora, Luxemburgo, Alex, Aristizábal e cia.ltda deixaram equipes fortes, como o Santos de Diego, Robinho e Elano e o São Paulo de Luis Fabiano e Kaká, para trás e encerraram a seca cruzeirense. Disputado por 24 clubes, o Brasileirão viu seu mais novo dono levantar o caneco com 100 pontos, 102 gols (melhor ataque), a segunda melhor defesa (47 sofridos) e um aproveitamento de 72,5%.
A Raposa só viu o título ficar um pouco mais ameaçado entre o final do primeiro turno e o início do segundo. Quando o grupo começou a dar sinais de relaxamento e tentou aproveitar melhor a noite belorizontina, o Cruzeiro conseguiu apenas uma vitória (3 a 1 na Ponte Preta) em uma sequência de seis jogos. Foram três empates (2 a 2 contra o Fluminense, 1 a 1 contra o São Paulo e 2 a 2 contra o Coritiba) e duas derrotas (2 a 0 São Caetano e 1 a 0 Goiás).
A recuperação veio na sexta rodada do segundo turno, em goleada sobre o Guarani por 4 a 1. A partir dali, foi aberta uma sequência invicta de oito jogos, com direito a duas vitórias fundamentais. A primeira foi na 31ª rodada, contra o Santos. Era o confronto entre líder e vice-líder, e a equipe paulista havia aproveitado a instabilidade cruzeirense para diminuir a distância entre os times para três pontos. Mas quando a bola rolou, o Cruzeiro mostrou quem tomava as rédeas do campeonato e conseguiu uma vitória contundente, por 3 a 0, no Mineirão
Outro triunfo importantíssimo ocorreu na 36ª rodada. Em um Mineirão lotado, o Cruzeiro venceu seu maior rival, o Atlético, por 1 a 0, e abriu 12 pontos de vantagem na liderança. Na sequência, até vieram duas derrotas seguidas, para Juventude (2 a 1) e Internacional (1 a 0), mas o time logo voltou aos trilhos e caminhou rumo ao título.
A taça só foi conquistada no dia 30 de novembro de 2003. Num domingo a tarde, com o Gigante da Pampulha repleto de torcedores e estrelas douradas, a Raposa venceu o Paysandu por 2 a 1 e, com duas rodadas de antecedência, levantou o seu primeiro título brasileiro. Naquele dia, o Cruzeiro não só terminava uma seca, como também marcava seu nome na história do futebol brasileiro como o único time, até hoje, a ganhar uma tríplice coroa nacional.
Time-base: Gomes, Maurinho, Cris, Edu Dracena, Leandro; Augusto Recife, Maldonado, Wendell, Alex; Aristizábal, Mota. Téc: Vanderlei Luxemburgo.