Brumadinho: Mucida quer investimentos nas cidades mineradoras
Deputado estadual defende investimentos nas cidades mineradoras para prevenir novos acidentes e trabalhar o futuro dos municípios
Na quinta-feira (4), a Vale assinou com o Governo do Estado e o Poder Público um Termo de Medidas de Reparação pela tragédia de Brumadinho, ocorrida em janeiro de 2019, no valor de R$ 37,68 bilhões. No mesmo dia, em discurso na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o deputado Bernardo Mucida (PSB) defendeu que parte desses recursos sejam investidos nas cidades mineradoras.
Para ele, é preciso refletir sobre a mineração, os fatores que levam aos acidentes socioambientais e o futuro das cidades que dependem da extração mineral. Dessa forma, o deputado argumenta que também é importante levar esses recursos do acordo de Brumadinho para os municípios mineradores.
“Eu vou trabalhar para que isso aconteça. Mas antes é preciso entender as origens trágicas que permitiram o aporte desses recursos indenizatórios extras e ter ainda mais respeito na alocação dos mesmos. Partindo deste princípio é que defendo que as cidades mineradoras e as cidades impactadas pela mineração sejam contempladas já que os danos foram coletivos”, argumenta Bernardo Mucida.
Porém, para que esses recursos também possam ser direcionados a outros municípios, é necessário estabelecer negociação com o Governo de Minas Gerais, que já possui um planejamento para utilização dos valores a serem recebidos. Nesse sentido, Mucida acredita que por meio das suas atribuições como parlamentar é possível estabelecer conversas tanto com o Estado quanto com a Vale.
“Sem bravatas, mas dialogando com o Governo, dialogando com a Vale e apresentando propostas factíveis para que tal aconteça. Sei que não posso fazer tudo. Mas tudo que eu puder fazer, eu farei”, assegura Mucida.
No entendimento do deputado estadual, esse investimento nas cidades mineradoras não deve ser pensado apenas como reparação pela tragédia em Brumadinho, mas, também, como uma forma de agir preventivamente e evitar que novos acidentes relacionados à mineração voltem a acontecer.
“Este ‘acerto de contas’ em virtude de uma tragédia que todos nós lastimamos tem que ser um primeiro passo para um outro ainda mais importante. Temos que agir preventivamente para que crimes ou acidentes como os de Brumadinho e Mariana não voltem a acontecer. Portanto, já passou da hora de discutirmos o futuro dessas cidades. Precisamos discutir e decidir coletivamente o que queremos pra essas comunidades e como vamos construir um desenvolvimento sustentável nesses municípios mineradores”, explicou Mucida.
Fiscalização
O Termo de Medidas de Reparação envolve um valor bastante alto e poderá resultar em uma série de ações e investimentos. Mas é necessário fiscalização para que esse dinheiro possa encontrar a sua melhor destinação. Uma competência que ficará a cargo tanto do Ministério Público e órgãos de controle do Estado quanto da ALMG.
“Esse rio de dinheiro que entra agora nos cofres públicos vem marcado pela lama que soterrou quase três centenas de vidas. Em nome dessas vidas ceifadas que devemos ter cuidado, ética e transparência com cada centavo gasto desses recursos”, ressalta Mucida.