Covid: falta de medicamentos é a maior preocupação do Estado
Segundo o governador Romeu Zema, após enfrentar os problemas no fornecimento de oxigênio, a falta de sedativos para intubação passou a ser alarmante
Na manhã desta quinta-feira (8), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o Secretário de Saúde, Fábio Baccheretti, concederam coletiva de imprensa para tratar da pandemia de Covid-19 no estado. Na ocasião, alertaram que após enfrentar problemas no fornecimento de oxigênio, a falta de sedativos passou a ser alarmante — inclusive há risco de pacientes intubados acordarem devido à falta do medicamento.
“As unidades hospitalares do estado, que trabalhavam com estoque de 60 dias ou mais, hoje têm estoque para no máximo três dias. Isso é muito preocupante. Estamos correndo risco de pacientes intubados acordarem porque faltou sedativo e sabemos que isso não pode ocorrer”, adverte Zema.
Ainda conforme o governador, a mudança de procedimento adotada pelo Ministério da Saúde foi a causadora da crise. “O ministério fez requisição administrativa desses insumos e não tem conseguido distribuir com velocidade adequada. Hoje a situação é crítica e, amanhã, podemos ter notícias desagradáveis com relação a isso caso o fornecimento não seja normalizado”, afirma Zema.
O Governo de Minas tem buscado solucionar o problema de forma paliativa, remanejando o estoque atual. “Quando uma unidade hoje tem estoque para sete dias, ela remaneja para aquela que tem só para um dia, coisa que antes não acontecia. Então, isso demanda uma sobrecarga ainda maior dos profissionais de Saúde. E estamos tentando compras alternativas, inclusive no exterior”, explica o governador.
Segundo Fábio Baccheretti, fiscais do Estado e também dos municípios têm apoiado no controle dos estoques dos medicamentos nos hospitais para garantir a distribuição justa entre as unidades.
“Temos uma rede solidária. Assim vamos garantindo, conforme a chegada dos medicamentos do Governo Federal, um estoque médio de três dias. Todo o estoque recebido pela secretaria já foi disponibilizado, hoje não temos nada. O que nós fazemos se alguma instituição estiver com problema de estoque é buscar na rede solidária algum hospital que está com estoque um pouco maior ou buscar alternativas. Têm vários sedativos, bloqueadores neuromusculares. Às vezes falta um, mas temos outro. É muito difícil, não era até então papel da secretaria fazer isso, era realmente algo de gestão hospitalar, mas estamos dando esse apoio para que não haja nenhum risco. Por isso a importância de reduzir o número de pacientes, para que o mercado se adeque a essa quantidade de consumo”, explica Baccheretti.
Internação
Devido ao alto número de pacientes Covid-19, a abertura de leitos de Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) também tem sido uma das prioridades do Governo de Minas. Na quarta-feira (7), por exemplo, foram implantados outros dez leitos de terapia intensiva no Hospital Eduardo de Menezes, da rede Fhemig, em Belo Horizonte.
De acordo com Zema e Baccheretti, a fila atual de espera por um leito de UTI em Minas está reduzindo, o que demonstra uma desaceleração no número de casos — o que não significa que a população deve reduzir os cuidados com a pandemia. Hoje, são 615 pessoas no estado aguardando leito de internação.
“Esse número é o menor evidenciado nas últimas semanas. Essas aberturas (de leitos) são muito importantes e existem ainda os chamamentos abertos na tentativa de progredir nessa expansão. Estamos com expectativa de abrir na rede Fhemig mais leitos na capital. Tentamos em Juiz de Fora e Patos de Minas, onde temos mais autonomia de gestão. Em relação aos prestadores que não são do Estado, temos o financiamento com valores diferenciados para que a gente consiga aumentar os leitos em algumas regiões”, pontua o secretário.
Mas, com a baixa no estoque de medicamentos, especialmente do chamado kit intubação, qualquer tentativa de abertura de leitos se torna mais complicada. “Temos poucos medicamentos e sedativos. Nosso papel é evitar o aumento de casos já que isso implica maior consumo”, alerta Baccheretti.