Gerente do Centro de Informações Hidrológicas de Goiás alerta para intensidade das chuvas tardias em algumas regiões
Alterações climáticas devem afetar a agricultura
Gerente do Centro de Informações Hidrológicas, Meteorológicas e Geológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim, alertou sobre as condições climáticas: “Neste ano teremos um atraso nas chuvas. Temos a expectativa de que chova em meados de setembro, em detrimento de uma frente fria, mas não é hora de plantar. Temos de ter calma. Popularmente, se fala da prática em Goiás de “plantar no pó”. Temos de ter cautela com essa situação. O produtor planta no pó, a chuva acontece depois passa dez dias sem chover, ele perde todas as sementes.”
Amorim é climatologista do Cimehgo, órgão da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), com mestrado em engenharia agrícola. A Semad é responsável por monitorar as águas, o ar e a meteorologia em Goiás e, além de produzir boletins para a mídia, diariamente, colabora com o Estado acerca das condições climáticas reduzindo impactos de eventos extremos, como chuvas fortes e secas prolongadas.
Amorim prossegue: “Tradicionalmente, o produtor começa a plantar logo após a primeira chuva, mas os mapas climatológicos mostram que em outubro teremos precipitação abaixo da média. Em novembro o cenário melhora e aí, sim, as coisas começam. As chuvas vão vir mais tarde neste ano, e em algumas regiões com excesso de intensidade. Vai ser desafiador para o produtor rural.
Ele terá de ter muito planejamento e paciência”.
Estamos trabalhando com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) para dar apoio e informação ao produtor rural. Não queremos que os produtores percam as safras e que garantam a melhor colheita possível. Quando o clima não colabora, é sempre um desperdício muito grande. O produtor coloca máquinas para funcionar, passa dias trabalhando, mas se não plantar no momento certo, ele perde o começo da safra. A produção agrícola é muito cara, todos os investimentos são altos. Temos de proteger o produtor, dando informação de qualidade para que ele possa fazer suas ações com segurança”.
Indagado pela reportagem do Jornal Opção sobre quais regiões podem sofrer com o excesso de chuvas, Amorim diz que “ainda está longe, então, temos apenas estimativas. A princípio, a situação que se desenha neste momento é que o Centro-Norte do estado de Goiás pode sofrer em novembro, dezembro e fevereiro no período de chuvas. Isso é importante para o produtor rural, porque ele tem dois tipos de curva de nível. Uma para conter a chuva na lavoura, outra para escoar a água quando é excessiva. Quando a época das chuvas chegar, o Cimehgo vai emitir alertas. Estamos trabalhando em nossa sala de situação, para que não tenhamos novamente uma situação como a do ano passado, quando se estimou que a perda da produção agrícola tenha chegado à casa dos bilhões de reais por conta da estiagem. No momento estamos olhando para as questões dos focos de queimadas”.