Mesmo que por vias tortas, mineração puxa geração de empregos em Itabira

Projetos para o descomissionamento e alteamento da barragem do Itabiruçu forçam a contratação de mão de obra

Mesmo que por vias tortas, mineração puxa geração de empregos em Itabira
Barragem do Itabiruçu atualmente armazena 130,7 milhões de m³ de rejeito de minério de ferro – Foto: Arquivo/DeFato
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Reportagem veiculada na edição 74 do Jornal DeFato Cidades Mineradoras

Conhecida como “cidade do ferro”, Itabira ainda é dependente da mineração. O setor foi responsável por quase 20,86% da arrecadação municipal no primeiro quadrimestre do ano. Inserindo assim, R$ 39.612.929, nos cofres públicos. O valor, porém, já indicava queda no recolhimento de um dos principais impostos diante da pandemia de Covid-19. A mineração se destaca ainda frente aos demais setores no que diz respeito aos empregos formais. 

Mesmo em meio a questionamentos relacionados à segurança da atividade, o setor tem impactado positivamente na economia local. Um exemplo disso é que as próprias ações de reparação e melhorias de estruturas continuam impulsionando a geração de emprego. 

Somente no início de julho, a Vale abriu cerca de 90 vagas para áreas operacionais e de infraestrutura, além do programa de trainee, que também teve dezenas de vagas para a cidade. A agência do Sistema Nacional de Emprego (Sine) no município também tem divulgado constantemente oportunidades voltadas para a área da mineração. 

A mineradora tem dado prosseguimento às obras de instalação de filtragem em suas atividades em Itabira. O que permitirão reduzir a dependência das barragens e o acondicionamento de pilhas de estéreos em cavas adaptadas nas próprias minas, especialmente enquanto não se pode utilizar a barragem Itabiruçu

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Com as atividades paralisadas desde outubro do ano passado, a mineradora já não conta com a utilização da estrutura no segundo semestre deste ano e nem por todo ano de 2021. Com isso, a tendência é de queda na produção da empresa em Itabira – impacto não divulgado. Uma vez que as usinas de Conceição utilizam filtragem e disposição de rejeitos nas cavas de Onça e Periquito como alternativa de curto prazo para a parada da barragem de Itabiruçu. 

Além disso, há projetos encaminhados para o descomisisonamento de barragens e o próprio alteamento de Itabiruçu, que ainda está em pauta. Com isso, novos postos de empregos são gerados.

A barragem de Itabiruçu teve o uso suspenso a partir de uma empresa de auditoria independente contratada após acordo com o Ministério Público. As atividades de manutenção foram iniciadas bem antes da paralisação que a levou para o nível 1 de risco de rompimento. Desde abril do ano passado a Vale está sendo acompanhada de perto pela empresa de assessoria técnica independente AECOM, que emite relatórios periódicos ao Ministério Público. 

No fim de julho de 2019, a mineradora precisou interromper as obras de alteamento por causa de trincas que surgiram no terreno da estrutura de contenção de rejeitos. Desde então são feitos reparos de canaletas que integram o sistema de drenagem e readequação do solo. Segundo a Vale, todas as atividades desenvolvidas no entorno da barragem não alteram as condições geotécnicas atuais de Itabiruçu. 

12 dias sem produção

Em junho, auditores-fiscais da da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais (SRTE/MG) e Ministério Público do Trabalho determinaram a interdição do complexo minerário da Vale, em Itabira. A paralisação estava ligada aos casos positivos de Covid-19 encontrados entre funcionários na testagem em massa promovida pela empresa. 

Os órgãos consideraram que as instalações da mineradora apresentavam riscos aos colaboradores e determinou o afastamento de todos eles até que medidas fossem adotadas pela empresa. 

A interdição durou 12 dias e pegou de surpresa autoridades políticas do município. Na época, o prefeito Ronaldo Magalhães (PTB) chegou a calcular perdas de R$ 400 mil em arrecadação para cada dia de operações travadas nas minas da Vale. Os valores reais devem ser divulgados em setembro, na prestação de contas do segundo quadrimestre. 

Desempenho positivo 

A geração de empregos com carteira assinada mantém crescimento em Itabira, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Mesmo em meio às restrições impostas pela pandemia, de janeiro a julho deste ano foram abertas 397 vagas formais de trabalho na cidade. 

O dado positivo vem das 5.960 contratações feitas nesse período, contra 5.563 desligamentos. Segundo o levantamento, no comparativo entre admissões e dispensas, a construção civil lidera a geração de vagas, com 764 novos postos preenchidos. Entre diversas obras, públicas e privadas, novos empreendimentos em Itabira fomentam a recuperação da economia.