“Sou um cidadão sem vaidades, mas tento o protagonismo em tudo que faço”, reconhece Júber Madeira

Confira a entrevista, exclusiva, da DeFato Online com o líder do governo na Câmara

“Sou um cidadão sem vaidades, mas tento o protagonismo em tudo que faço”, reconhece Júber Madeira
Foto: Divulgação/Ascom CMI
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Júber Madeira Gomes (45 anos) é um marinheiro de primeira viagem. Nas eleições do ano passado, candidatou-se a vereador e conseguiu expressiva votação. O tucano, porém, não esconde o seu desejo de protagonismo. É a sua marca registrada. Essa postura ficou muito clara nos primeiros dias da nova legislatura: o estreante esteve muito próximo, inclusive, de assumir a presidência da Câmara de Itabira.

O agressivo desempenho do novo vereador não passou despercebido do prefeito Marco Antônio Lage.  E não deu outra. Madeira virou um improvável líder de governo, embora eleito por um partido situacionista (PSDB). Na entrevista a seguir- sempre se expressando na terceira pessoa do singular- Júber demarca os seus planos para os próximos quatro anos no cenário político itabirano.

O senhor se elegeu vereador na primeira tentativa. A eleição para o Legislativo Municipal é muito difícil. Inclusive, em algumas circunstâncias, mais complicada que a disputa para o cargo majoritário (prefeito). Um candidato a prefeito conta com uma completa estrutura à sua disposição. Já, para vereador, é cada um por si e Deus por todos. Quais foram os fatores que possibilitaram o seu êxito nessa empreitada?

Júber Madeira Gomes: De fato, a eleição para vereador é a mais complexa de todas. Mas eu diria que fui um candidato privilegiado. Primeiro, por ter uma trajetória popular no rádio, um instrumento poderoso de grande alcance de massa. Em segundo lugar, por já ter participado dos bastidores das campanhas de vereadores e líderes de entidades da nossa comunidade itabirana, em algumas oportunidades. Ao mesmo tempo, contei com o apoio de muitos líderes políticos e líderes de entidades, que bastante me ajudaram nesse processo de coordenação de uma campanha. Além disso, nós fizemos uma campanha determinada, focada e de atitude, mesmo em meio à pandemia, que foi um grave complicador do processo.

Mas o senhor tinha consciência da possiblidade de êxito ou participou desse processo político apenas para conquistar uma experiência para o futuro?

Júber Madeira: Não existem certezas antes de uma eleição. No início do processo eleitoral, é difícil saber se a gente conseguirá o número necessário de votos para garantir a eleição. Nós tínhamos dados importantes em mãos. Nós tínhamos alguns indicativos. Esses dados permitiram o sonho de uma possibilidade que se confirmou. Os levantamentos estatísticos são fundamentais numa campanha, eleições são números. Os dados são importantes porque permitem formar estratégias e traçar planos de ação.

O seu grande desafio, a princípio, é tentar uma reeleição ou, até mesmo, procurar alçar voos mais altos, isso é humanamente natural. O senhor começou a carreira de vereador com muito desembaraço. Em alguns momentos, nos bastidores, chegou a ter o nome cotado para assumir a presidência da Câmara. Qual é a sua estratégia para manter esse protagonismo durante todo o mandato?

Júber Madeira: Eu sou um cidadão sem vaidades, mas tento ser protagonista em tudo que faço. É importante que a gente assuma essa necessidade de se destacar naquilo que se propõe a fazer. Dentre os planos e projetos que temos para esse mandato, o principal deles, sem sombra de dúvidas, é impulsionar as ações comunitárias e prosseguir com o trabalho de utilidade pública, que é o que Júber Madeira sempre fez. O eixo básico de nossas ações passa pela educação, saúde e qualidade de vida. Mas há alguns problemas pontuais da nossa cidade, que necessitam de um olhar político e social. Então, o protagonismo é fruto natural de um trabalho. Ele é essencial para um grande vencedor.

O senhor, como assinala o senso comum, é um marinheiro de primeira viagem. No entanto, aceitou esse grande desafio, que é ser líder de governo.  Esse cargo é sinônimo de intensa pressão. O líder de governo é sempre cobrado pelo Executivo, é intensamente questionado pelos oposicionistas e, em algumas circunstâncias, é “fustigado” até pela base aliada.  Qual é a sua estratégia para se equilibrar nessa delicada corda bamba?

Júber Madeira: Líder de governo, sem dúvida, é o maior dos desafios, eu não tenho dúvidas quanto a isso. O negócio é ser conciliador e mediador, buscando sempre o consenso, o bom senso. É uma função muito nobre. Eu recebi o convite do prefeito Marco Antônio Lage (para ser líder de governo) com muita satisfação.  Sou muito grato porque ele confiou na minha capacidade, mesmo eu sendo um marinheiro de primeira viagem.  Essa confiança me obriga estudar e aprimorar a nossa capacidade de interlocução e solidificação de pontes. É um trabalho difícil, por isso preciso contar com o apoio dos demais amigos vereadores.

Essa condição de líder significa concordância incondicional com todos os atos do governo?

Júber Madeira: Não, não, jamais. Essa pergunta é muito importante porque o Júber Madeira sempre foi defensor de causas. E, nessa condição de vereador, mais do que nunca, mais do que nunca. Enquanto as políticas praticadas por nosso prefeito forem direcionadas em benefício do povo itabirano, o Júber Madeira estará lá para consolidar, reafirmar e validar.   Ao mesmo tempo, havendo a percepção de que não é uma boa proposta para o nosso município, levarei ao chefe do Executivo a minha percepção de que algo precisa ser revisado ou rediscutido.

O Brasil, numa tese do cientista político Sérgio Abranches, pratica o chamado presidencialismo de coalizão.  Em outras palavras, para manter a governabilidade, o Executivo, em todos os níveis do estado, tem que estabelecer uma constante negociação com o Legislativo. É o famoso “toma lá, dá cá”. O líder de governo do município tem uma função fundamental nesse jogo, pois é o porta-voz dos vereadores junto ao prefeito. Como o senhor se sente ao desempenhar o papel de uma espécie de embaixador do fisiologismo, do clientelismo?

Júber Madeira:  Sim, é isso. O sistema político brasileiro se faz dentro desse princípio da coalizão.  Não seria novidade nenhuma, em Itabira, uma prática que é nacional. Essa prática, então, não seria uma exclusividade dos governantes de Itabira, pelo contrário. Sabemos que existem cargos que são direcionados para isso, para que o chefe do Executivo monte a sua equipe, conforme seu projeto, conforme seu planejamento, para que implante com qualidade suas principais ações. Isso é muito natural. Os vereadores, enquanto legisladores, também trabalham em cima das expectativas da base que o elegeu. Isso é uma discussão inerente a esse processo de coalizão. Nesse primeiro momento, Júber Madeira está ouvindo os anseios dos vereadores, para fazer a interlocução junto ao Executivo. Mas eu não fiz parte e nem vou fazer parte de uma tratativa.

O senhor foi eleito numa coligação antagônica ao atual prefeito. Então, teoricamente, o senhor seria um vereador de oposição.  No entanto, já se tornou uma estrela reluzente da situação. Qual seria a explicação para essa metamorfose política?

Júber Madeira:  Esse é o grande desafio para quem se propõe entrar na política partidária. Depois dos resultados das urnas, o Júber Madeira foi muito assediado. Infelizmente, o candidato a prefeito que eu apoiei (Ronaldo Magalhães) perdeu as eleições. O resultado das urnas foi uma decisão soberana do eleitorado e quem sou eu para mudar isso. Mas, terminada as eleições, acho que temos que focar na nossa cidade, no desenvolvimento de Itabira. Eu não percebi, em nenhum momento, após as eleições, qualquer dificuldade de relacionamento com o atual governo.  Então como eu, que fui eleito para trabalhar pelo povo, trabalhar por Itabira, recusaria o convite para ser líder do governo?

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