Anglo American refaz cálculos e produção terá que ficar parada por 90 dias
Prazo inicial dado pela empresa era de 30 dias; funcionários serão colocados em férias coletivas
A mineradora Anglo American informou na manhã desta terça-feira, 3 de abril, que recalculou o período em que suas operações deverão ficar paralisadas e que a nova previsão é de 90 dias. Anteriormente, a empresa havia divulgado que o tempo sem atividades seria de 30 dias. A extensão do prazo, segundo a companhia, se deve ao detalhamento dos processos de inspeção que precisam ser realizados.
A Anglo American está com atividades paralisadas desde a noite da última quinta-feira, 29 de março, quando um segundo vazamento aconteceu na extensão do minerotudo que passa pelo município de Santo Antônio do Grama, na Zona da Mata de Minas Gerais. O segundo incidente aconteceu apenas dois dias após a retomada do envio de minério pelo duto que liga a mina em Conceição do Mato Dentro ao porto de Açu, no Rio de Janeiro. A produção estava parada justamente por causa de um vazamento anterior, registrado em 12 de março.
A empresa colocará em férias coletivas parte do pessoal que trabalha na mina, usina e planta de filtragem por 30 dias, a se iniciar em 17 de abril. Para o período subsequente, a Anglo American anunciou que vai conversar com o sindicato e autoridades para definir as alternativas que sejam mais adequadas para seus empregados.
Nesse período de paralisação, uma inspeção será feita nos 529 quilômetros do mineroduto, avaliando todos os tubos. A verificação será realizada por PIG Instrumentado, equipamento que percorre internamente toda a tubulação e faz uma varredura completa de diversos aspectos que compõem os tubos, gerando uma grande quantidade de informação, que será analisada por empresas independentes.
A mineradora informou ainda que estima, até o momento, em R$ 60 milhões o custo total das ações de reparação operacionais, econômicas e socioambientais decorrentes dos incidentes com o minerotudo em Santo Antônio do Grama. Hoje, o trabalho de limpeza do córrego Santo Antônio, que foi impactado, envolve cerca de 200 pessoas.
No dia 31 de março, a empresa havia divulgado que o vazamento teria decorrido do surgimento de uma trinca na solda longitudinal do processo de fabricação do tubo. Segundo a Anglo, esse diagnóstico só poderá ser confirmado após investigação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).